A máfia da blogosfera
29
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:14link do post | comentar | ver comentários (1)

Uma coisa que não se pode fazer é subverter tanto o que foram os ideais da Revolução Francesa. Tal como é dito no texto que publicitei num post anterior, actualmente, os revolucionários que na altura se sentaram no lado esquerdo da câmara seriam considerados gente de direita, liberais, neoliberais e coisas semelhantes. Como tal, Carlos, não é factualmente correcto utilizar a Fraternidade e Igualdade para que se justifique o Estado Social porque ambos sabemos que a fraternidade não tinha, à data, nada que ver com imposições estatais: os cidadãos franceses deveriam ser fraternos, mas a lei não obrigava a que o fossem, e que a igualdade significava apenas a vontade de dar a todos os mesmos direitos legais que as classes protegidas tinham. Curiosamente, dois séculos depois, houve uma pequena inversão. Coisa para mais tarde.

Feito o esclarecimento. O Carlos responde a ética com eficiência. Diz que compreende a importância do voluntarismo na solidariedade (uma pergunta, leitores: uma ajuda imposta, tal como um casamento forçado, tem algum valor?), no entanto, como a intervenção através do Estado, através da obrigação, é mais segura porque nunca faltará dinheiro, defende-a. Isto é verdade. Mas tanto subverte o princípio da fraternidade como é um verdadeiro atentado ao direito de propriedade. Afinal, há ou não o direito ao sucesso? O Carlos diz ainda que se deve tratar de forma igual o que é igual e de forma diferente o que é diferente. Enfim, isto é muito, muito questionável. Os pretos eram diferentes dos brancos e por isso eram escravos. Mais, pegando até nesta questão da genética, há quem sustente que os jovens com "maus genes" - por serem diferentes - devem ser afastados dos sistemas de ensino estatais por serem uma fonte de desperdício. Defendo que perante a lei todos temos de ser iguais, ponto.

E, Carlos, eu acho que é da forma como Barack Obama subiu na vida que se deve subir. Aliás, não sei se me incluis nessa direita europeia (eu não me incluo), mas vejo-o como um ícone, uma referência nesse campo. Quanto às ideias políticas é que pode haver, aqui e acolá, algumas diferenças. Não misturo as coisas.


publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 14:40link do post | comentar | ver comentários (1)
Olhe que não, João, olhe que não. Em primeiro lugar, um pequeno esclarecimento: a teoria não diz que “tudo” é genética. Diz que a base é genética, mas que as experiências pessoais têm influência. Um Camilo cheio de capacidades à nascença pode acabar um vagabundo e um António diminuído por azar pode ter sucesso. Pormenores. Adiante.
É óbvio que os termos se podem utilizar. Aliás, nem se compreende porque é que acha que não. Diz, basicamente, que não se pode, logo, não se pode.
A realidade é que se trata de uma questão de direitos. Haver um julgador universal que diz: tu tens de ter menos porque isso é tudo genética, tu tens de ter mais porque não teres é azar, esbarra com direitos. No limite, este raciocínio leva ao comunismo mais puro. Então, João, se tudo se trata de genética, qual é o fundamento de uns terem mais que outros?
A questão essencial é: a base é genética, ou seja, muito do que somos é uma questão de sorte. Segue-se disso que deve ser retirado à força o que quem teve sorte ganhou para se dar a quem não teve a mesma sorte? A isso não respondeu.

Quanto à minha redução ao absurdo, sabe tão bem quanto eu que não é falaciosa. Eu, por nascer em Portugal, tenho menos hipóteses de sucesso à partida que um americano e mais hipóteses que um moçambicano.


28
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 21:11link do post | comentar | ver comentários (3)

quando vou em busca de reacções à revolução que por aqui semeio e encontro um "contributo" de um, suponho que jovem, Miguel Bento no blogue da JS sobre o meu texto acerca da proposta de distribuir preservativos nas escolas.

Bom, em primeiro lugar, é interessante a forma como o Miguel Bento reinventa a lógica: diz que os meus argumentos são falsos. Enfim, coisa pouco importante devida à pouca importância dada às aulitas de Filosofia. Adiante. Segundo o Miguel Bento eu esqueço vários pressupostos. Ele não diz quais são, mas confio na sua capacidade de julgamento. Remata, com um miminho do discurso político, vê-se que ali há talento: pathos, pathos, pathos. Diz o Miguel Bento que no nosso país, e aqui já ficamos à espera do soundbyte, as pessoas não sabem nada das doenças e nem todos têm dinheiro para preservativos XPTO. Bom, quanto à primeira questão, eu tenho sérias dúvidas se haverá algum jovem, da JS ou não, que não saiba que fazer o amor sem a camisinha dá sarilho, e se houver é mal da Educação que tão bem tem sido gerida, quanto à segunda, é o Miguel Bento que se esquece de uns pormenores: é que já há alternativa: o moleque vai ao Centro de Saúde e recolhe uma mão cheia de pacotinhos para não ter de voltar tão cedo. Prossigam, prossigam, com o paleio um bocadinho mais apurado ainda acabam a seguir os passos do Grande Líder!


19
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 22:07link do post | comentar | ver comentários (1)

Eugénia, que bem escolhido o dia: não há dia melhor que a terça para um churrasquinho de domingo. Mais a mais com samba de quintal, que aos domingos só leituras pesadas de livros gregorianos. E ainda bem que me faz o favor de tratar da fruta, que estas mãos de pedreiro que nunca fez cimento, malditas!, não são capazes de cortar uma fatia de queijo, quanto mais de ananás. Deixe a carne comigo, dizem que é coisas de homem, não sei, não quero saber, interessa-me que me interessa fazê-lo porque acho piada. Havia de ser tão catita: o crepitar do fogo que assa, o derreter da gordura que é assada, tudo ritmado ao som de facas e madeira a bater. Uma melodia como há poucas. E ia tão bem para o afilhado, que gosta dessas mariquices. Avancemos então com essa pré festa, levará hífen, e isto é uma pergunta, já sabe, para ir aquecendo a alma e o corpo para o grande dia. Ah!, e antes que me esqueça, que a memória não me tem em grande consideração, obrigado.


09
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 12:19link do post | comentar | ver comentários (2)

O J.M. Coutinho Ribeiro, com quem concordaria caso o texto fosse escrito noutro contexto, parece esquecer-se que a revisão à lei do financiamento dos partidos foi proposta pelo PSD e pelo PS e que todas as alterações que vieram foram feitas a partir de discussão na Assembleia da República. É por isso impossível que os deputados social-democratas, bem como os socialistas, não conhecessem o diploma. Refira-se ainda que a alteração proposta era muito coerente e muito bem feita e que as alterações à proposta foram feitas essencialmente à custa da Festa do Avante. Sim, é verdade, o Parlamento nacional faz leis gerais a pensar em casos específicos. Lamentável.


20
Abr 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 17:49link do post | comentar | ver comentários (7)

O Carlos Santos, com o método habitual, respondeu ao meu post sobre o salário mínimo. Ultrapassando, por agora, a parte das ofensas, sinal de quem não estará muito convicto das suas ideias, e a parte dos atropelos à nossa amada sintaxe, vou tratar de responder.

O distinto Santos fez algo de extraordinário: pegou numa excepção para demonstrar uma teoria que se pretende geral e a excepção em que pegou foi do mais infeliz que pode haver. Nem parece seu este tipo de discurso falacioso, ai.

Basicamente, muito basicamente, a base, estou a repetir-me, não faz mal; argumentativa do Santos é que como há situações de monopólio em que o empregador dita as regras do jogo, a escolha não é verdadeiramente livre. Curiosamente, o Santos escreve, a determinada altura, que a população da terra, das duas uma, ou ia trabalhar para o monopolista ou para o campo, para a agricultura. E o Santos coloca esta situação como eterna: nada mudará. Não haverá cooperativas agrícolas rentáveis, não haverá mais industriais, os trabalhadores não serão empreendedores, nada. Uma distopia eterna: um capitalista malévolo, uma alternativa miserável. O mundo tal como ele é.

Percebe-se a falácia, ou é necessário ser mais óbvio? Ninguém nega que a abolição do salário mínimo traria alguns, senão mesmo muitos, problemas numa fase inicial. Mas, do mesmo modo, julgo que é lógico, do mais lógico que pode haver, que ao haver um estímulo negativo ao trabalho por conta de outrem haverá, no outro lado da balança, um estímulo positivo ao empreendedorismo.

Depois o Santos pega naquele que é o argumento interessante: o da heterogeneidade ao nível das formações profissionais. Sim, o trabalho não é homogéneo, no entanto, nada obsta a que um mesmo indivíduo possa ter competências diferentes. Se o Santos de um momento para o outro se visse num mundo em que ninguém o queria como professor, que mundo estranho seria esse, iria segurar-se com a sua distintíssima formação ou iria aprender outra qualquer coisa para que pudesse trabalhar? Parece-me óbvia a resposta. Aprender uma nova profissão demora tempo, é verdade. Mas há uma série de mecanismos de solidariedade social, e eu defendo que seja voluntária, o que não é o mesmo que ser contra a sua existência, que permitem ao indivíduo viver com dignidade, sem que seja imputada ao empregador toda a responsabilidade pelo facto de o mundo ser um lugar estranho. 

 

E já agora, Santos, como não me aceitaste o comentário no teu distintíssimo "O valor das ideias", vou colocá-lo aqui - já adivinhava que não o aceitasses, não foi a primeira vez - e a ver se percebes a mensagem:

 

Sr. Doutor,

Vamos lá ver se nos entendemos. Não me conheces de lado nenhum para fazeres um comentário como o que fizeste. Não me interessa nada dizê-lo, mas eu não peço a ninguém para me linkar, ao contrário de alguma malta que conheço cujo desporto preferido é chamar a atenção para o seu blogue em caixas de comentário completamente off-topic. Comentei o meu texto no insurgente porque lá fizeram respostas e achei que era importante ser EU a responder como seu "autor", como tu escreves.
Bom, deixa-me dizer-te que do alto da tua sapiência estás errado. Agora não estou em casa nem tenho tempo para fazer uma resposta, mas assim que tiver tempo faço-a.
Sabes, até és um tipo inteligente. Se não fosses aquilo que és na blogosfera podias ser bastante respeitado.
De qualquer forma, não voltes a insultar-me que eu também não te insultarei. Não te conheço, não te quero conhecer e quero distância de tipos como tu.

Até logo

P.S.: «blogue a sério»? Este? Não sabes o que é um blogue a sério.


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