A máfia da blogosfera
01
Ago 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 17:01link do post | comentar | ver comentários (10)

Cedendo à pressão dos pequenos partidos, que em vez de voltarem as suas forças contra a Lei do Financiamento Partidário, quiseram, à boa forma bolchevique, impor a sua presença nos media e na ribalta da política; a ERC criou uma directiva que, entre outras coisas, obriga a que todos os partidos tenham o mesmo «tempo de antena» nas televisões privadas. Era uma directiva mais que provável, apesar de ser impensável num Estado democrático.

Esta é uma intromissão pornográfica na definição dos critérios editoriais de estações privadas que nada devem ao Estado. José Pacheco Pereira e Helena Matos já escreveram sobre o assunto e estão cobertos de razão. Tudo isto mostra apenas que os partidos políticos, mesmo os mais pequenos e incipientes como o MEP ou o MMS se estão a aproveitar da lei para impor situações que lhes são vantajosas, tomando o Estado de Direito como propriedade sua, olhando para o seu umbigo e desprezando qualquer princípio moral.
Contra esta directiva é preciso que não sejam apenas as televisões, rádios e jornais a revoltar-se, mas sim toda a sociedade. Ou isso acontece ou então mais vale começar a fabricar os telecrãs orwellianos.
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29
Jun 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 23:27link do post | comentar | ver comentários (1)

Sinto que posso ter deixado dúvidas com o meu texto anterior e como os mal-entendidos são uns bastardos que só consigo ver longe, longe, vou tratar de explicar tudo.

Eu achei este programa do JPP mau. Provavelmente, e por isso mesmo, verei os próximos - acontece com alguns programas de opinião em Portugal. No entanto, nunca por nunca eu defenderia que o programa deve ser censurado pela ERC ou que polícia censória fosse. A Sic é uma empresa privada. O JPP é livre de dizer o que quiser e se lhe derem cobertura ainda é mais livre. Os pontos estão nos i's, isto é, o programa foi, desde o primeiro momento, dado como sendo de opinião parcial e pouco isenta e nunca como um trabalho técnico.

Defender que JPP seja calado é algo de muito grave para a democracia. O JPP na Sic ou outro qualquer num outro lugar qualquer.

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publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 19:32link do post | comentar | ver comentários (1)

José Pacheco Pereira, como já do conhecimento de toda uma vasta área que compreende Portugal e uns arredores, talvez exagero, tem um programa a título individual na Sic Notícias. Isto por si só não é bom nem mau - é uma decisão da televisão, que, ao que sei, ainda é privada. No entanto, não me parece disparatado que faça uma pequena, qual pequena, gigantesca crítica ao programa e à estação.

Aqueles quinze minutos, um período absurdamente curto, da dimensão de um intervalo, são apenas um tempo de antena do PSD. Não sei se é feito com o beneplácito da direcção, coisa que não me agradaria, mas a verdade é que ali não se comenta comunicação social, ali comenta-se política. Vamos analisar, ponto por ponto, o que disse JPP.

Começou com uma crítica à notícia do Expresso, que não li, sobre o novo porta-voz do PS. Se tinha alguma razão quanto à «lufada de ar fresco», foi infeliz ter aproveitado a maré para chamar atenção para as polémicas de Tiago Silveira. Aquele piscar de olho faz-se num artigo do Público, da Sábado, no Abrupto ou na Quadratura do Círculo - oportunidades não lhe faltam. Depois, quando pegou nos suplementos do Correio da Manhã, fez ali um exercício rebuscado que não se percebeu, ou melhor, percebeu-se, mas não se entende como é que encaixa no programa: afinal aquilo foi um elogio ao excelente trabalho jornalístico que é ter uma secção de classificados? Infeliz, mais uma vez. Quanto à crítica à utilização do termo tabu, JPP disse algo que me deixou um tanto, e pedoem o disfemismo, chocado, cito de memória: há palavras que a comunicação social não pode usar. Suponho, mas isto é apenas a minha desgraçada mania da liberdade e da democracia, que os órgãos privados de comunicação social têm o direito a utilizar as palavras que bem entendem. Se eles não podem utilizar termos como tabu, ou outros que JPP lá saberá, teremos então de criar uma poderosa polícia da comunicação, mais poderosa que a ERC, para riscar essas palavras feias que estragam os títulos.

Nem tudo foram coisas más. Aliás, estranho seria que assim fosse. A introdução foi muito certeira, na questão da submissão do povo ao Estado, do respeitinho parolo e tudo mais e a apresentação do livro do João Gonçalves foi também bastante positiva.

Enfim, muito PS, muito José Sócrates escondido aqui e acolá, muita campanha, pouca análise séria e objectiva. JPP bem avisa no início que o seu programa não será isento, que é de opinião, mas não é preciso chegar a tanto. É certo que uma opinião não é isenta por natureza, mas é sempre agradável quando contém alguma lucidez.

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08
Jun 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 13:10link do post | comentar

Tenho muita dificuldade em acreditar nas teorias da conspiração. Imaginar que em toda a imprensa há um movimento para manter Sócrates no poder é algo que me incomoda. Chamem-me ingénuo, mas não acredito. No entanto, não posso colocar de parte a possibilidade de alguns órgãos de comunicação social serem, como diz o Pacheco Pereira, situacionistas. O facto de ontem, na SIC, se ter apresentado aquela sondagem cheira mal. O facto de o pivot da RTP ter dito a determinada alura «longe de ser uma estrondosa derrota [para o PS]» cheira mal. O facto de quase ninguém ter falado do crescimento do CDS para além dos próprios cheira mal. Terem colocado o ênfase na disputa CDU-BE e não na PSD-PS cheira mal.

Felizmente, redimiram-se as televisões. Depois de nas presidenciais José Sócrates ter retirado a palavra a Manuel Alegre, foi Paulo Rangel, que ainda nem tinha começado a falar, que roubou a palavra ao magnânimo. Não sou de vinganças, mas soube bem.

Primeiro Aniversário: Faltam 2 dias

23
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:34link do post | comentar | ver comentários (5)

Por princípio não gosto do estilo de Manuela Moura Guedes - gosto quando o jornalismo é minimamente isento e quando o pivô se limita a dar a notícia sem 'tons' e comentários. No entanto, e olhando para o jornalismo restante, julgo que MMG é um mal menor. Num país em que todos são pressionados e acabam por ceder, ela, muito graças às largas costas que possui, para além de não ceder, faz o inverso, faz pior. Para além disso, ninguém é obrigado a ver o seu telejornal, só o vê quem quer e há que saber interpretar a notícia e não apenas assimilá-la acriticamente.

Posto isto, só posso dizer que o que aconteceu ontem foi uma palhaçada. Marinho Pinto, se discorda assim tanto do estilo de MMG podia escrever um artigo de opinião, nunca ir fazer aquela figura. Deixou ficar mal quem representa - porque quem estava ali não era o cidadão Marinho Pinto, nem tão pouco o advogado Marinho Pinto, mas sim o Bastonário da Ordem dos Advogados. Duas pessoas politicamente incorrectas, que fazem mais do que aquilo que muitas vezes lhes compete, numa autêntica luta de galinhas na qual MMG só manteve o nível porque, a determinada altura, já depois de abrir muito os olhos e levantar a voz, deve ter havido algum grilinho falante a pedir-lho. Enfim, foi tudo lamentável.

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12
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 09:09link do post | comentar | ver comentários (5)

Ontem, curioso, assisti ao debate a treze da RTP. Com Fátima Campos Ferreira, essa senhora da comunicação, a moderar, os treze cabeças-de-lista às Europeias apresentaram as suas propostas. Agora percebo que foi uma perda de tempo.

Oito dos treze candidatos estiveram no programa a fazer figura de corpo presente, por descarga de consciência do direcção da RTP, certamente. Digo isto porque, e quem prestou atenção compreendeu, a maior parte do tempo foi gasto pelos cinco parlamentares e aos outros foi dada, aqui e ali, a oportunidade de dizer qualquer coisinha.

Ainda assim, foi possível espremer algum sumo. A shô dona Carmelinda, muito convicta do que dizia, perguntava, como se não fosse óbvio, porque é que não se nacionaliza a banca?, porque é que não se proíbem os despedimentos?. Coitadinha. O Miguel Portas ficou gelado quando, depois de mandar a boca da renovação total da lista do PSD, Paulo Rangel lhe respondeu que a renovação era um princípio básico de ética republicana que nem todos os partidos respeitam. Vital Moreira meteu os pés pelas mãos na questão da Elisa Ferreira e Ana Gomes, mostrou mais uma vez a desonestidade intelectual que possui e caiu no ridículo quando afirmou que a gestão do QREN por parte do governo foi excelente. Nuno Melo foi, novamente, o melhor em debate, não há nada a fazer. A Laurinda Alves esteve um pouco apagada e o discurso espiritual é muito Obama, no entanto, soube encaminhar o debate em determinadas alturas, principalmente quando estavam a discutir a questão dos impostos, matéria que não é da responsabilidade do PE.

Foi um mau programa, não permitiu a ninguém uma verdadeira exposição dos argumentos. Era mil vezes mais produtivo a realização de entrevistas individuais a isto.


21
Abr 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 17:29link do post | comentar | ver comentários (4)

Parece que Fernanda Câncio vai sair do programa da TVI24 moderado pela Constança Cunha e Sá e onde participam o Francisco José Viegas e o João Pereira Coutinho. Pessoalmente, acho óptimo. Deixando os paninhos quentes num outro lugar, a verdade é que Fernanda Câncio não tem capacidade intelectual para acompanhar o Francisco José Viegas. Lembro-me do programa em que se discutiu o sal do pão e enquanto o Francisco sustentava que era errado este limitar de liberdades, a Fernanda dizia que quem quer pão salgado mete sal em casa. Acho que me faço entender.

Mas isto é compreensível e até para a própria Fernanda foi bom sair, até porque o conflito de interesses inquinava qualquer debate pela falta de isenção. Esperemos que quem a vem substituir seja alguém verdadeiramente sem correntes, para que no anúncio ao programa a Constança Cunha e Sá não minta ao dizer que estará no debate com três individualidades independentes.

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06
Abr 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 14:24link do post | comentar

Ao longo de toda esta legislatura, de forma progressiva, tem havido denuncias, umas mais sérias que outras, de controlo dos media por parte do governo. A frase “ai se isto tivesse acontecido no tempo do Santana Lopes” é disto demonstrativa: toda a gente minimamente atenta sentia que algo estava errado com a forma como se faziam notícias. Provavelmente o mais activo delator de tudo isto tem sido Pacheco Pereira. Se é certo que das oitenta e tal recolhas que já fez sobre o assunto, uma boa parte é puro delírio, é certo também que outras tantas são bastante assertivas. Ainda assim, tudo isto era tudo a mais pura das suspeitas, boatos. Agora deu-se um novo passo em toda esta história. O Primeiro Ministro começou a processar colunistas e jornalistas, alegando ter sido vítima de calúnias. O João Miguel Tavares, que começou uma crónica no DN com "Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina", já foi depor; o Público, a sua jornalista Cristina Ferreira, o seu director-adjunto Paulo Ferreira e o seu director José Manuel Fernandes também já foram processados. Se até hoje o “situacionismo” era coisa de alguns, sendo que ainda havia um Sol a fazer uma investigação que mais ninguém quis fazer, agora vai ser uma instituição. Ninguém vai arriscar um processo em tribunal em troca do profissionalismo e da ética. O medo vai instalar-se e ninguém vai querer afrontar o líder. A liberdade, que nunca foi própria desta terra, está prestes a ser apenas uma boa memória.


25
Mar 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 08:08link do post | comentar | ver comentários (1)

Há uns dias, quando se retirou o anúncio da Antena 1 do ar por, diz-se, atentar contra o direito à manifestação, escrevi que era censura. E era. No entanto, a caixa de comentários é óptima para nos repensarmos e o facto de ser uma estação pública condiciona invariavelmente a sua actuação, por isso, neste momento considero que foi um mal menor o que se fez.

Chegado eu a esta conclusão, vou ao site do Público e leio que o BE utilizou o spot para um vídeo a apelar à manifestação (vídeo que está em cima). Coisa normal: partido político apela à manifestação. O problema, está no conteúdo do vídeo. Começando pela forma como se refere ao "patrão", figura tipo de todos os patrões no entender do Bloco, completamente sem sentido: "o patrão está contra si e contra o resto dos trabalhadores"?! Mais discurso populista, daquele a que já estamos habituados. Mas a cereja no topo do bolo é, a frase final: "a produção passou para a Eslováquia". Este é, quanto a mim, o tipo de discurso xenófobo que, esse sim!, atenta contra a Constituição e que nenhuma estação, pública ou privada, deveria passar. A haver politicamente correcto, pois que haja sempre: anúncios que apelam ao ódio (o Estaline também fazia umas coisas giras nesta área) e à xenófobia não deveriam entrar-nos em casa.


24
Mar 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 23:03link do post | comentar

Acabei agora de assistir ao Cara a Cara na TVI24. Continuo a achar estranha a participação de Santos Silva no programa por dois motivos: o primeiro é a alegada campanha negra, o segundo é o facto de ele ser ministro e não "comentador". Mas pronto, quem está mal é a Manuela Ferreira Leite por escrever uma caixinha no Expresso. Adiante.

No programa semanal são colocados cara a cara - o nome é perfeito - Augusto Santos Silva e Nuno Morais Sarmento. Honestamente este é um daqueles programas em que é possível distinguir a água do azeite da forma mais inequívoca possível. Ao passo que vemos Santos Silva com aquele olhar bastante, diria eu, perturbador, a desbobinar um conjunto de críticas à oposição e de panegíricos ao governo cheias, mas cheias de omissões, esquecimentos ou manifestas falácias, que não me parecem inocentes, é bom dizer; vemos Nuno Morais Sarmento a falar de forma franca, sem grandes constrangimentos aparentes, com alguma (nunca é total) independência de pensamento e com uma coerência que alguns deveriam tornar modelo. Nuno Morais Sarmento é o tipo de político que faz muita falta no Parlamento. Enquanto não volta, é assistir ao programa.


10
Mar 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 20:42link do post | comentar | ver comentários (1)

A entrevista de Mário Crespo a Medina Carreira foi das melhores coisas que ouvi nos últimos tempos. Não concordo com alguns dos fundamentos das opiniões, no entanto, e na generalidade, Medina Carreira aponta realmente o caminho: não é a tapar buracos que vamos dar a volta. A haver reforma, tem de se começar pela base, pelos problemas de fundo. As palavras eram de desistência e pessimismo, no entanto tenho a firme convicção que não há naquele homem uma pontinha sequer de conformismo com a situação.

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09
Fev 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 17:04link do post | comentar | ver comentários (5)

Oiço por aqui e por ali discussões sobre o quinto canal. Se é preciso, se devia avançar ou não. E quando oiço isto apercebo-me do absurdo a que chegamos. Por que raio é que é preciso haver restrições à priori à entrada de mais um concorrente num mercado? Porque é que eu só posso criar um canal em sinal aberto se me derem vaga?

Temos quatro canais, sendo que apenas três se podem considerar como tal, porque o quarto (neste caso, o segundo) é um buraquinho para onde o Estado manda dinheiro sem fundamento nenhum. O mercado do audio-visual gera riqueza de uma forma absurda, é um El Dorado para os investidores e o Estado bloqueia a entrada. O que é que isto faz? Menos diversidade na oferta, menos concorrência (o que diminui a qualidade) e perpetua um desequilíbrio, porque se a criação de canais fosse livre, a existência de muitos já teria levado, há muito, a uma normalização e os donos das estações não seriam milionários.


16
Jan 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 07:32link do post | comentar | ver comentários (1)

Ontem à noite, Manuela Ferreira Leite deu uma Grande Entrevista a Judite de Sousa. Hoje de manha, corri as capas dos jornais e não vi uma única manchete em que aparecessem as palavras «Manuela», «Ferreira» ou «Leite». É normal que a líder da oposição dê uma entrevista na qual diz apoiar incondicionalmente Pedro Santana Lopes, diz não aceitar a candidatura de Gonçalo Amaral a Olhão, diz que baixaria os impostos caso estivesse no governo, e no dia a seguir não abra a manchete de um jornal, um único? Começo a achar que o Pacheco Pereira tem alguma razão naquilo que diz.


13
Jan 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 14:49link do post | comentar | ver comentários (1)

Nunca gostei do "Nós por cá". Aquela rubrica no Telejornal da Sic era apenas um chamariz para quem vê nas miudezas notícia. É giro ver um candeeiro que fura uma varanda, ou uma placa trocada lá na Amareleja. Mas o problema é que a intenção nunca é a de ser engraçado, ter piada, ou mostrar as coisas como insólitas que são. A intenção é generalizar, dar a ideia de um país que é todo assim: com sinais de trânsito trocados, com candeeiros de rua que furam varandas ou com prédios todos esburacados. A ideia é dar uma má imagem do país que temos. Depois de algum tempo sem dar sequer nos telejornais, o "Nós por cá" aparece como programa, na verdadeira acepção do termo. Faz-se um programa de televisão a falar mal do país que temos. Democrático? Há quem diga que sim. Pessoalmente não vejo grandes diferenças entre um programa que só fala mal - "Nós por cá" - ou um programa que só fala bem - "Conversas em Família", ou assim. Falar mal de algo é ser democrático? Falar mal de algo é falar mal de algo, vale o que vale. Eu pessoalmente, do mesmo modo que não ouviria um programa que só falasse bem, não vejo um programa que só fale mal. Gosto do meio-termo.

post-post-scriptum: seriamente avariados da pinha

06
Jan 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 20:37link do post | comentar
Não escrevi sobre a entrevista, então, escrevo sobre o Prós & Contras que se lhe seguiu. Foi um debate razoável, nao direi brilhante porque, efectivamente, não o foi. Provavelmente vou saltar muitos pormenores certamente caros a muitos, mas vou apenas deixar aqui umas notas.
Fiquei impressionado com o Miguel Portas. Apesar de vir de onde vem, não fez uso exagerado da demagogia e da crítica fácil. Para além disso, teve uma postura correctíssima no meio do circo que em determinadas alturas se tornou o debate. Esteve errado numa questão fundamental: a do investimento público. Apesar de concordar com ele na questão da errada política expansionista que tivemos nos anos 90, quando se deveria ter actuado em contra-ciclio e enveredado por uma estratégia retraccionista, não concordo com o facto de numa conjuntura como a nossa ser imperativo o investimento público. Segundo o conhecido bloquista, numa conjuntura em que não há crédito nem liquidez é importante que o investimento seja assegurado pelo Estado. Para já, isto que parece verdadeiro, é uma falsa verdade. O investimento não tem de ser assegurado pelo Estado, se a carga fiscal for reduzida, o investimento passa a ser feito por privados e o investimento privado é regra geral mais benéfico para a economia que o público. Isto acontece porque o investimento público é feito sempre em grandes obras, ou seja, uma grande parte dos recursos recolhidos pelo fisco a todos os contribuintes é investido em benefício de apenas uma parte, por exemplo, uma ponte sobre o Tejo ou uma linha Lisboa-Madrid vão, necessariamente, beneficiar mais a região de Lisboa que as outras, apesar de apenas uma parte dos impostos recolhidos a nível nacional vir desta parte do país. Adiante.
Nota muito positiva para o Nuno Guerreiro, que já me habituei a ler na Sábado, na crónica Mundos e Fundos. Introduziu para o debate a opinião do "perigoso liberal" no meio daquele monopólio da social-democracia.
O Rui Rio podia ter tido uma prestação melhor. Infelizmente entre ele e o Ministro dos Assuntos Parlamentares - Augosto Santos Silva - não havia assim tantas divergências de opinião. O bom velho centrão em todo o seu esplendor.
O Nuno Melo não foi brilhante, também não foi medíocre. A irritação que a companhia do lado lhe provocava não lhe permitiu chegar à excelência, sim, porque era provavelmente o único elemento do debate que tinha documentação que sustentasse a sua argumentação e foi o que fez maiores críticas à administração central, sem qualquer dúvida.
A insuportável Ilda Figueiredo foi, nitidamente, o elo mais fraco. Pedia para falar a toda a hora para repetir os mesmos lugares comuns e disse, a determinada altura, que o programa político do PCP é, e cito de memória, "aumentar as reformas, aumentar os salários..." e mais umas saídas demagógicas, bem ao estilo que o partido fundado por Álvaro Cunhal nos habituou.
A Fátima Campos Ferreira foi o habitual nojo televisivo. Desculpem se estou a ser duro, mas a verdade é que o debate tem tudo de bom: bons convidados, bons temas, até o cenário é bom. A única coisa má e que me faz muitas vezes nem prestar atenção é a prestação da moderadora que insiste em ir além daquilo que lhe compete e passa com frequência as suas opiniões, de todo desnecessárias no contexto.

23
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 08:55link do post | comentar
«O livro Así es Fidel (Assim é Fidel) com anedotas e episódios de Fidel Castro contados por personalidades mundiais foi lançado na segunda-feira em Havana»

Sol


16
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 15:26link do post | comentar | ver comentários (1)
Palavra de honra que às vezes fico sem palavras para expressar o que sinto quando observo certas atitudes de certos "chefes" de certos ministérios.
Depois de ter chamado burros (sim, foi apenas isso que lhes foi chamado, mas com um palavriado menos rude) aos professores e órgãos de gestão escolar, no "curioso" Despacho 30265/2008. Depois de mentir deliberadamente aos órgãos de comunicação social que, inocentes ou não, passaram as mentiras para a cabeça do povo que as tomou como verdades inabaláveis. Depois de meses de manipulação da mais mesquinha que pode existir, o Ministério da Educação está a auto-promover-se. Chegando à conclusão que a sua "imagem" não era das melhores, o ministério tutelado por Maria de Lurdes Rodrigues faz agora um forte investimento em publicidade e marketing. Sim, a palavra é investimento, porque lá na 5 de Outubro não se brinca e não é com sites que a coisa se indireita: toca de colocar anúncios pagos como publicidade nos jornais para fazer ver ao povo que tanto amamos que os maus são os professores e os sindicatos os maiores manipuladores. Obviamente as verbas para estes anúncios vêm direitinhas do Orçamento de Estado, aquele que é constituído com as receitas que advêm dos impostos e taxas pagos por todos nós e que deveria ser utilizado para desenvolver o país, proporcionando melhor qualidade de vida às populações. Ao lado desta propaganda, Goebbels era um menino do coro, com risco ao meio e sapatinho de verniz.
Quando é que o Presidente da República, eleito pelo povo para ser o garante da democracia, da liberdade e da Constituição, se pronuncia sobre esta quantidade infinita de trapalhada ministerial criada e pensada por pessoas cuja maior preocupação é a forma como são vistas e não a qualidade do trabalho que foram eleitas para fazer?

13
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 19:10link do post | comentar

Esta declaração foi motivo para que todo um país se insurgisse contra uma pessoa, invocando a Constituição de Abril, a Liberdade, a Democracia e todos esses valores que tanto prezamos e que tão pouco fazemos para manter.
O que me espanta é que, agora, vem uma ministra - uma representante da Democracia Portuguesa - fazer o mesmo e ninguém diz nada. Numa apresentação do Plano de Combate à SIDA nas escolas, a ministra da Saúde Ana Jorge, acompanhada de Maria de Lurdes Rodrigues - a ministra da Educação - mostrou-se francamente indignada por um jornalista ter questionado esta última sobre a avaliação dos professores, dizendo até: 'O quê? O senhor não sabe o que está combinado? Que hoje só se pode fazer perguntas sobre esta cerimónia e sobre o plano de combate à sida nas escolas? Ainda por cima é a RTP, a televisão pública, a fazer uma coisa destas. E, depois, logo à noite, não sai a reportagem.'
Onde está essa democracia em que me disseram estar a viver? Como é possível que um ministro possa dizer uma coisa destas sem que nenhuma consequência daí advenha? Como é possível que um país inteiro não perceba que os mass media estão todos controlados por essa mão invisível cujo dono não pode ser identificado, mas apenas suspeitado? São já tantos "casos" flagrantes destes cordelinhos, destas manipulações, disto tudo que não entendo como é que todos andamos a viver como se nada se passasse! Basta ver que ao passo que o PS se divide em dois com um Manuel Alegre a usar a sua influência para causar estragos, na televisão, pouco ou nada aparece. E quanto ao PSD, os três últimos líderes foram destruídos pelos grupinhos de "informação" que por aí andam.
Eu que nunca gostei nada deste tipo de ladaínha, vejo-me obrigado a afirmar que essa corja é nada mais nada menos que um bando de corruptos, de gente que se propõe a aceitar o poder para trabalhar para o bem-comum, para fazer política, essa tão nobre actividade, e, no final, acabam por se revelar parasitas, sanguesugas, gente que vê no poder um fim e não um meio, gente que olha para o país na sua generalidade, sim, mas só depois de olhar para si e para os seus. Filhos da puta!

24
Nov 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 22:24link do post | comentar
Desde o início desta "questão" do BPN que todos os meios de comunicação têm feito questão de mencionar que as sucessivas direcções têm sido formadas com elementos do período "cavaquista". Propositadamente ou não, estas associações têm levado a que muitos suspeitassem do próprio Cavaco Silva, que, ao que consta, nunca esteve relacionado com o banco. É muito triste quando o "jornalismo" levanta suspeitas infundadas sobre figuras ou instituições, como é o caso de Cavaco Silva e o próprio PSD. Tenham vergonha.

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