O João Pereira Coutinho, ontem no A Torto e a Direito - que está mil vezes melhor, perdoe-se-me a inconfidência - puxou para a discussão um assunto que me é caro. Quando estavam a discutir a questão da propaganda socialista feita com imagens do Ministério da Educação, o JPC disse, e cito de memória, que o que o escandalizava era o facto de não nos escandalizarmos ao constatarmos que há partidos a utilizar crianças nas escolas para fazer propaganda. E esta, depois da atribuição das culpas sempre necessária, deveria ser a questão. Como é que se admite que numa escola, que deveria ser um espaço de isenção onde as crianças aprendessem sem palas ideológicas, coisa que nunca se concretiza totalmente, mas para a qual se pode caminhar, possa haver gravação de vídeos de propaganda para partidos. Como é que se pode ir, e é mesmo esta a palavra, manipular os miúdos que são filmados e os outros miúdos que acabam por ver a gravação, metendo-lhes na cabeça que quem lhes dá cenas fixes é o PS. Dirão que é exagero. Foi a própria ministra da Educação, aquela senhora que tanto aprecio, que disse, segundo o Francisco José Viegas no mesmo programa, que tinha recebido uma carta de uma criança na qual ela se dizia tão feliz com o seu magalhães que iria votar PS quando adulta. Isto foi uma declaração pública de um membro do governo. Exige-se aos partidos, a bem de alguma credibilidade e de espírito democrático, alguma ética, pelo menos nos espectáculos propagandísticos. Exige-se que o Secretário Geral do PS e a Militante Maria de Lurdes Rodrigues não se confundam com o Primeiro Ministro de Portugal e com a Ministra da Educação. São exigências mínimas para que haja um bom funcionamento das instituições e da própria democracia.