A máfia da blogosfera
03
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 13:57link do post | comentar | ver comentários (3)

O João Pereira Coutinho, ontem no A Torto e a Direito - que está mil vezes melhor, perdoe-se-me a inconfidência - puxou para a discussão um assunto que me é caro. Quando estavam a discutir a questão da propaganda socialista feita com imagens do Ministério da Educação, o JPC disse, e cito de memória, que o que o escandalizava era o facto de não nos escandalizarmos ao constatarmos que há partidos a utilizar crianças nas escolas para fazer propaganda. E esta, depois da atribuição das culpas sempre necessária, deveria ser a questão. Como é que se admite que numa escola, que deveria ser um espaço de isenção onde as crianças aprendessem sem palas ideológicas, coisa que nunca se concretiza totalmente, mas para a qual se pode caminhar, possa haver gravação de vídeos de propaganda para partidos. Como é que se pode ir, e é mesmo esta a palavra, manipular os miúdos que são filmados e os outros miúdos que acabam por ver a gravação, metendo-lhes na cabeça que quem lhes dá cenas fixes é o PS. Dirão que é exagero. Foi a própria ministra da Educação, aquela senhora que tanto aprecio, que disse, segundo o Francisco José Viegas no mesmo programa, que tinha recebido uma carta de uma criança na qual ela se dizia tão feliz com o seu magalhães que iria votar PS quando adulta. Isto foi uma declaração pública de um membro do governo. Exige-se aos partidos, a bem de alguma credibilidade e de espírito democrático, alguma ética, pelo menos nos espectáculos propagandísticos. Exige-se que o Secretário Geral do PS e a Militante Maria de Lurdes Rodrigues não se confundam com o Primeiro Ministro de Portugal e com a Ministra da Educação. São exigências mínimas para que haja um bom funcionamento das instituições e da própria democracia.


30
Abr 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 16:18link do post | comentar | ver comentários (2)

A substituição da discussão pública de ideias e propostas pela simples imagem é uma decisão que cabe a cada partido. Cabe. Mas há limites.

Julgo que os limites traçados, que se não o estão, deveriam; são os limites do mau-gosto e do sensacionalismo. O pathos, que tanto abomino. Se um partido, em vez de falar da taxa de desemprego, me mostrar um sem-abrigo num cartaz, considero que é mau-gosto. Do mesmo modo, considero que se um partido, em vez de falar do número de computadores que distribuiu, mostrar criancinhas felizes a mexer na coisa está a fazer uma campanha também ela de mau gosto.

E o pior de tudo isto é que basta um, um único, agente incorrer neste tipo de atitude, que traz benefícios inegáveis (a TVI também tem um elevado share), para que todos os outros façam o mesmo tipo de jogo. Acabamos por entrar numa espiral negativa, uma política da imagem, da sensação, do pathos, que tornará os destinatários, a prazo, completamente incapazes de discutir ideias. Tenho a sensação que é mesmo essa a intenção.


25
Mar 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 08:08link do post | comentar | ver comentários (1)

Há uns dias, quando se retirou o anúncio da Antena 1 do ar por, diz-se, atentar contra o direito à manifestação, escrevi que era censura. E era. No entanto, a caixa de comentários é óptima para nos repensarmos e o facto de ser uma estação pública condiciona invariavelmente a sua actuação, por isso, neste momento considero que foi um mal menor o que se fez.

Chegado eu a esta conclusão, vou ao site do Público e leio que o BE utilizou o spot para um vídeo a apelar à manifestação (vídeo que está em cima). Coisa normal: partido político apela à manifestação. O problema, está no conteúdo do vídeo. Começando pela forma como se refere ao "patrão", figura tipo de todos os patrões no entender do Bloco, completamente sem sentido: "o patrão está contra si e contra o resto dos trabalhadores"?! Mais discurso populista, daquele a que já estamos habituados. Mas a cereja no topo do bolo é, a frase final: "a produção passou para a Eslováquia". Este é, quanto a mim, o tipo de discurso xenófobo que, esse sim!, atenta contra a Constituição e que nenhuma estação, pública ou privada, deveria passar. A haver politicamente correcto, pois que haja sempre: anúncios que apelam ao ódio (o Estaline também fazia umas coisas giras nesta área) e à xenófobia não deveriam entrar-nos em casa.


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