A máfia da blogosfera
15
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 20:48link do post | comentar | ver comentários (4)

É em alturas como esta que me alegro por pertencer à União Europeia.

No seguimento daquilo que foram os crimes do PREC, nomeadamente a Reforma Agrária, muitos proprietários expropriados recorreram a todas as instâncias nacionais possíveis. Em Portugal, país servo das forças que chamaram a si a responsabilidade do 25 de Abril, nunca lhes foi feita justiça. Foi junto do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos que, trinta e cinco anos depois, foi feita alguma justiça aos proprietários de terrenos agrícolas, tendo sido o Estado português obrigado a pagar um total de indemnizações de 7,6 milhões de euros.


08
Abr 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:26link do post | comentar

O Tomás Vasques e o Francisco José Viegas não podiam ter mais razão na questão da nova proposta de punição do enriquecimento ilícito. Pretender inverter o ónus da prova num tipo de crime, seja ele qual for, abre um precedente perigosíssimo e pode até por em causa os mais básicos fundamentos do regime que pretendemos democrático. Percebe-se que o João Gonçalves considere que é um "atalho" a inversão do ónus da prova, ou seja, que o processo de culpabilização ou não seria muito mais simples. No entanto, arrisco-me a dizer que os benefícios da criação de tal atalho ficariam muito àquem dos prejuízos. Basta imaginar, neste Portugal dos Pequeninos, a quantidade de pseudo-denúncias que seriam feitas a toda a gente que tivesse um carrinho melhor que um Fiat Uno e a quantidade de inocentes que teriam de ir a tribunal com facturas, recibos, folhas de ordenado e até, quiçà, boletins do euromilhões, para provar que não fizeram mal a ninguém. Se alguém me acusar de algo, o mínimo que tem de fazer é provar a acusação. Porque todo o cidadão se presume inocente até prova do contrário e não o inverso.


29
Jan 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:32link do post | comentar | ver comentários (5)

Não ouvi a declaração toda, mas o que ouvi chegou-me. José Sócrates está inocente. É certo que o está até que se prove o contrário. No entanto está nervoso. Não, nervoso é pouco. Está aterrado.

O espectro do assassinato político paira no ar. Ferro Rodrigues 'morreu' há muito pouco tempo e José Sócrates não quer o mesmo para si. No entanto, ao usar da sua retórica para se defender, ao armar-se em Sócrates (o Filósofo) defendendo-se sozinho, através da acostumada estratégia de vitimização ('ai Jesus, que eles estão todos contra mim!') e ao falar tanto sobre tudo, arrisca-se a deitar tudo a perder, mostrando-se culpado mesmo que o não seja. Quem não deve não teme e neste momento vejo temor nas declarações de José Sócrates.


25
Jan 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:26link do post | comentar

Juiz estranha celeridade invulgar” no processo de licenciamento do Freeport

 

O primeiro juiz de instrução do caso Freeport estranhou a “celeridade invulgar” e “um andamento inusitado” no processo, segundo o que escreveu num despacho de Fevereiro de 2005, noticiou hoje o “Diário de Notícias”.

“O processo que conduziu à construção e funcionamento do complexo industrial apresenta várias irregularidades e um andamento inusitado”, escreve o magistrado do Tribunal do Montijo no despacho datado de Fevereiro de 2005.

O juiz salientou que, quando o projecto obteve o parecer pretendido, o desenvolvimento do processo “conheceu uma celeridade invulgar, decorrendo em 20 dias e não nos 100 dias usuais”. Apesar de não ter licença de utilização, o Freeport foi inaugurado em Setembro de 2004.

Antes disso, o projecto tinha recebido pareceres desfavoráveis em dois estudos de impacto ambiental, de Outubro de 2000 e Dezembro de 2001. A terceira avaliação ambiental, de Janeiro de 2002, acabou na aprovação do projecto, a 14 de Março do mesmo ano, com uma série de condicionantes. Nesse mesmo dia, o Governo alterou os limites da Zona de Protecção Especial (ZPE) do Estuário do Tejo, criada em 1994 com cerca de 44 mil hectares. A ideia desta área era proteger uma zona especial de interesse para a conservação da avifauna, servindo de tampão entre zonas naturais mais relevantes e espaços urbanos.

Carlos Guerra, à altura presidente do Instituto da Conservação da Natureza (ICN), disse ao “Diário de Notícias” que está um pouco surpreendido com a recente polémica. “É preciso recordar que onde está hoje o Freeport estava uma fábrica de pneus”.

O antigo responsável do ICN (hoje Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, ICNB) rejeitou a “celeridade invulgar” do processo. “O processo vinha de 1999. Era mais do que conhecido pelos serviços. Por isso, quando se verificou que todas as condições estavam cumpridas pelo promotor, foi aprovado”.

 

Um juiz, cuja função ainda é julgar, apesar de a populaça assumir o papel amiúde, diz que o processo apresentou várias irregularidades. Para além disso suspeita da celeridade do processo. Por seu turno um responsável de um órgão governamental (sabemos que normalmente são nomeados por serem competentes)  diz que não. Um sabe de leis, o outro sabe de Conservação da Natureza. Não quero ser desconfiado, mas...


28
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:42link do post | comentar | ver comentários (3)
Há neste momento, na América, um coro de protestos de pessoas que querem ver a Administração Bush julgada por crimes de guerra. Se eu não achasse que tudo isto é sol de pouca dura e que o movimento nacional vai acabar por parir um rato, ficaria francamente contente.
A verdade, e isto já é um lugar comum, bem sei, é que se há coisa que a terra da liberdade não foi é "correcta", se correcto se pode ser em tempo de guerra. E o pior dos podres destes últimos anos foi, sem sombra para dúvidas, Guantánamo. E Guantánamo é apenas uma sinédoque para todos os centros de detenção onde se torturaram presos para arrancar convenientes confissões. Quem não se lembra de umas imagens de há uns anos, de um centro de detenção no Iraque, onde apareciam homens nus a ser maltratados?
Se eu mandasse, frase tão repetida nesta nossa ocidental praia e que só pode querer dizer que todos queremos mandar em algum momento, eu imporia um julgamento a George W. Bush, Dick Cheney e Donald Rumsfeld. O mais provável seria que desse julgamento resultasse uma condenação semelhante à de outros criminosos de guerra.

21
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 12:28link do post | comentar | ver comentários (3)
Este texto não tem título pelo simples facto de não ter conseguido encontrar nenhum que se adequasse.
Eu ainda não tinha ouvido falar disto, mas há dois meses, no Egipto, um professor espancou uma criança de 11 anos que acabou por morrer no hospital. A notícia diz que foi por a criança não ter feito os trabalhos de casa, mas isso pouco importa. Um professor espancou uma criança até à morte. E quando um professor espancou uma criança até à morte, o que leio é que a culpa é das turmas de cem alunos que o Egipto tem, é do mau sistema educativo que o Egipto tem, é por o professor ter 23 anos e não ser admissível que no Egipto professores tão jovens dêem aulas. Tudo o que leio é politiquice da mais absurda quando um professor espancou uma criança até à morte. Muito francamente escrevi este texto apenas para dar conta a quem me lê e não tenha ouvido falar do assunto ainda e para mostrar o quão preplexo ainda estou. Um professor espancou uma criança até à morte!

11
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:59link do post | comentar
O meu título esteve para ser "Autocracia, mas das boas!", no entanto, e como o protagonista aqui não é um indivíduo, mas um grupo, justifica-se a mudança de ideias.
A administração Bush propôs (reparem que é uma proposta e não um pedido) à União Europeia que acolhesse prisioneiros da base americana de Guantanamo. A razão? É simples, quer-se resolver o problema dos torturados sem julgamento sem os mandar para os países natais (onde se pensa que poderiam ser perseguidos) e sem ficarem nos EUA (culpados de tudo), porque por lá, porcaria nem pensar! Os velhos anões, provavelmente ainda preplexos com a "proposta", ainda não tomaram uma posição oficial. Mas isso não impediu que Luís Amado, esse digníssimo e competentíssimo ministro dos Negócios Estrangeiros, de afirmar prontamente que para cá podem vir à vontade, que até os recebemos com pastéis de Belém e um vinhozinho do Porto. Mais, tomou esta decisão sem que fizesse um referendo, uma auscultação da opinião pública e sem ouvir sequer a oposição.
É apenas mais um dos exemplos da falta de necessidade de "paz social" que uma maioria absoluta por cá permite.

10
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 19:19link do post | comentar
Em bom rigor, temos de dizer que 60 anos pesam, já poucos dão ouvidos a esta velha cansada cujo destino próximo mais parece uma qualquer biblioteca nacional bafienta e coberta de pó. Quando ela nos avisa para não cometermos certas injustiças e atentados à dignidade humana, armamo-nos em adolescentes rebeldes e fazemos ouvidos mocos. São imensos os exemplos disto aos quais a humanidade assistiu ao longo destas longas seis décadas. Guerras sangrentas, por vezes fraticídas, verdadeiras machadadas naquele fino pedaço de árvore, são o pão de cada dia nos ruidosos telecrãs a que chamamos televisão. Infantilidades de quem não ouve a experiência dos antigos que por nós escreveram tamanho texto com o sangue dos que morreram sem saber-se detentores de tão básicos direitos, tão sublime compilação de tudo aquilo que deveríamos exigir a nós próprios. Bem, palavras leva-as o vento, por isso, deixo-vos aqui um pequeno vídeo roubado aqui.


06
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:35link do post | comentar | ver comentários (1)
Sempre achei absurdas as teorias de uma incompatibilidade entre exercício de cargos públicos e de privados ao mesmo tempo ou em intervalos curtos. Parte-se do pressuposto que as pessoas são honestas, aliás, este é o princípio que rege as decisões judiciais: "inocente até que o contrário se prove", por isso, sem prova de erro cometido, não vejo fundamento para limitar esta "alternância". O pior é quando vemos que em relação a alguns fizemos mal em partir daquele pressuposto e ainda, quando nos apercebemos disso e nada fazemos. Dias Loureiro, figura do PSD como muito tem sido referido - apesar de à discussão nada acrescentar - já envolvido no caso do BPN, para o qual foi depois de ser do governo de Cavaco Silva e por ter sido do governo de Cavaco Silva, é agora acusado de gerir um fundo de investimento cujo capital foi recolhido através de uma fraude de IVA. Mas este não é o único ex-governante ligado à gestão deste fundo, não. Outro ex-governante é Jorge Coelho, que levanta o punho a qualquer um que se meta com o seu PS e que, para além de uns muito pouco transparentes prolongamentos de concessões ali de um certo porto de Lisboa, feitos pelo seu camarada Sócrates, também accionista desta empresa gestora de fundos. Este podre desta parelha partidariamente colorida parece ser um prenúncio de uma forte investigação jornalística, que vai fazer cair muito santo do altar, até termos um belo arco-íris político.

04
Dez 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 15:31link do post | comentar
Sebastianismo. Palavra curiosa esta. Em tempos quis referir-se a apoiantes de Dom Sebastião, rei de Portugal desaparecido em Alcácer Quibir. Poderíamos considerar os sebastianistas defensores de uma qualquer ideologia, paradigma político, isto se algum houvesse ligado a este monarca. Sebastianismo passou, portanto, a ter uma conotação diferente, passou a significar messianismo, à portuguesa. Mas não a de um messias por vir, não. A de um messias desaparecido, que não conseguiu, graças à maldita Fortuna, colocar em prática tudo aquilo que se imaginaria que poria em prática e que nos levaria à utopia.
É este sentimento de messias perdido que grassa no nosso Portugal quando se fala em Sá Carneiro. Falecido há precisamente 28 anos atrás, este líder da direita deixou para sempre uma tristeza e uma saudade apenas suplantadas pelo pensamento de que, com ele, tudo teria sido diferentes, teríamos um país diferente, uma democracia diferente, uma sociedade e uma cultura diferentes: seríamos um país à Sá Carneiro.
Francamente, não sei se assim é. Não sei se Sá Carneiro transformaria o país, mas há uma coisa que sei: a morte de alguém, principalmente quando o que provocou essa morte não é evidente, é de lamentar, tenha desaparecido um messias ou um vagabundo, e, por isso, lamento. Lamento profundamente não ter tido a oportunidade de ter experimentado esse país à Sá Carneiro. Profundamente. Que descanse em paz.

24
Nov 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 22:24link do post | comentar
Desde o início desta "questão" do BPN que todos os meios de comunicação têm feito questão de mencionar que as sucessivas direcções têm sido formadas com elementos do período "cavaquista". Propositadamente ou não, estas associações têm levado a que muitos suspeitassem do próprio Cavaco Silva, que, ao que consta, nunca esteve relacionado com o banco. É muito triste quando o "jornalismo" levanta suspeitas infundadas sobre figuras ou instituições, como é o caso de Cavaco Silva e o próprio PSD. Tenham vergonha.

11
Out 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 14:31link do post | comentar | ver comentários (3)
Há mortes muito convenientes. Joerg Haider, o líder do partido nacionalista austríaco BZO, morreu esta madrugada num suposto acidente enquanto passeava sozinho na sua avioneta particular. Espero bem que haja uma investigação criminal isenta, na qual não sejam tidos em conta os ideais do senhor.

28
Set 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:15link do post | comentar | ver comentários (1)
...tira sempre a melhor parte, já lá diziam os antigos que nestas coisas nunca se enganavam e raramente tinham dúvidas. Pois o caso é o seguinte: um grupo de pessoas ao longo de décadas andou a pegar no dinheiro de todos e a atribuir casas a custos controlados a pobretanas como o Baptista-Bastos, sem qualquer respeito pelos critérios: a cunha na sua melhor forma. O mais estranho de tudo isto é que ainda não ouvi desmentidos, demissões nem pareceres dos líderes partidários. Porque será?
Cada vez me convenço mais que a classe política portuguesa é toda uma escória que merecia apenas um Marquês que os pusesse num barco a navegar no vazio do Atlântico. É vergonhoso que coisas como esta sejam consideradas "normais" e vão passar, obviamente e como todos os casos que envolvem personagens dessa grande telenovela que é a política nacional, impunes. Querem saber a coisa mais extraordinária de tudo? Eu digo à mesma: os casos anteriores a 1998 nem sequer poderão ir a julgamento por, segundo a lei penal, estarem já prescritos. Cambada, pá!

24
Set 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:35link do post | comentar | ver comentários (4)
Eu sou a favor da liberdade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não, não sou do Bloco e muito menos dos Verdes. Aliás, penso sinceramente que é incompreensível o posicionamento de alguma da nossa política sobre esta questão. Felizmente vivemos numa democracia em que, em teoria, reina a liberdade, logo, não vejo qualquer fundamento para que a lei não permita um casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. A base é simples: uma lei serve para regular a sociedade, de modo a que uma pessoa ou um grupo de pessoas não cause danos ao resto. No caso do casamento entre homossexuais, não se verifica qualquer dano causado à sociedade, a não ser o mal-estar provocado nos homofóbicos.
Mas, apesar de o casamento entre homossexuais ser uma questão de liberdade e direitos, não se pode colocar, como alguns fazem pela blogosfera, no mesmo saco do aborto. Isto para muitos parecerá estranho, mas, ao contrário da nossa sociedade estereotipada entre "progressistas" e "conservadores", eu sou a favor do casamento entre homossexuais e contra o aborto. E passo a explicar porquê. Enquanto que o casamento entre homossexuais não lesa, tal como disse acima, qualquer terceiro, o aborto já o faz. Muitas pessoas colocam o aborto no pacote dos "direitos, liberdades e garantias", o que é errado. O aborto, ao contrário do casamento entre homossexuais, põe em causa os "direitos, liberdades e garantias" de terceiros, razão pela qual não pode ser uma coisa à margem da lei. Bem sei que muita gente que defende o aborto insurge-se pela liberdade da mulher em fazer o que quiser com o seu corpo, o corpo é dela, logo, dentro dele passa-se o que ela quiser. Falácia. A casa em que estou agora é minha, logo, dentro dela passa-se o que eu quiser, se isso passar por matar alguém, não há problema. Existem muitos outros argumentos disparatados por aí a circular, mas rebatê-los é coisa para ensaio e não para post aqui.
A terceira e última questão fracturante sobre a qual queria escrever é a eutanásia. Sou contra. E o motivo é simples. A eutanásia, como o caríssimo leitor certamente saberá, é a morte medicamente assistida (causada). Ou seja, um doente numa determinada situação pode pedir a um médico que, literalmente, o mate. Para mim é ilegítimo fazê-lo por uma simples razão, o doente pode tratar do assunto sozinho. O que quero dizer com isto é que é ilegítimo que alguém peça para que o matem quando se pode matar a si próprio (o suicídio ainda não é crime). Matar é eticamente condenável para a larga (larguíssima) maioria da população, ou seja, matar alguém, mesmo que doente, deve causar algum transtorno ao profissional de saúde que tem todo o direito a zelar pela sua sanidade mental.
E pronto aqui estão os meus posicionamentos em relação às grandes questões fracturantes que assolam esta ocidental praia lusitana.

26
Ago 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 20:30link do post | comentar | ver comentários (3)
Sou um adepto confesso de teorias da conspiração e muitas vezes sou eu próprio que as crio. Há uns dias foi pedido ao governo pelo PSD a demissão do ministro da administração interna, devido à onda de violência e criminalidade. Também há poucos dias foi divulgado que o MAI vai ter um corte no investimento no próximo ano. Um cenário nada favorável ao governo e, especialmente, ao MAI.
Hoje, dia 26 de agosto, foram noticiados exaustivamente seis assaltos só na Área Metropolitana de Lisboa: um Millennium, um Banif, um Santander, uns CTT e duas bombas de gasolina. Eu de notícias e informação percebo muito pouco, mas tantas vezes vi notícias sobre assaltos dadas em escassos segundos no meio de um telejornal no passado. Agora os assaltos são notícias de abertura e de última hora com equipas de reportagem a dirigir-se ao local e com bonitas apresentações dos locais com o Google Earth, não vá as pessoas pensarem que Setúbal é em Trás-os-Montes. Para ajudar à festa chamam-se criminologistas que dizem que as estatísticas são cor-de-rosa pois são feitas pelos políticos (maldito INE!) e que Portugal nunca foi um país seguro. Não sei se é só impressão minha, mas tudo isto me cheira muito mal.

08
Ago 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:28link do post | comentar | ver comentários (5)
Ontem à noite houve a tal operação policial em Campolide. Malditos os assaltantes que para além de assaltarem ainda são brasileiros. Por aí, blogosfera e televisão, só se ouve falar do facto de serem brasileiros, dos brasileiros serem violentos (como diz Moita Flores), do facto de um ter morrido (pena de morte informal segundo o João Miranda) e mais não sei o quê. Das duas uma, ou estamos mesmo com falta de notícias ou estamos todos doidos.
Àqueles que fazes questão de mencionar a nacionalidade dos criminosos: isso não interessa. Como diz o Daniel Oliveira, e olhem que é raro concordar com ele, este tipo de conversa só leva à criação de ódios infundados. O que acontece com isto tudo é o pensamento transferir-se do simples "isto já nem se pode andar na rua" para o "malandros desses brasileiros que vêm para cá fazer merda".
Ao João Miranda: orgulho-me imenso de viver no país pioneiro a abolir a pena de morte, orgulho-me igualmente que neste país se tenham mantido algumas áreas cinzentas como a legítima defesa. Preferia o quê? Que morressem inocentes em vez de criminosos?

Adenda: Palminhas, Rui. Concordo com o Shô Menistro.

06
Ago 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 17:02link do post | comentar
O motorista do Bin Laden foi condenado a prisão perpétua. Resta saber onde anda o indivíduo que lhe pagava o ordenado. Esse malandro, às escondidas é que não jogo com ele!

29
Jul 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 13:05link do post | comentar
Radovan Karadzic anda nas bocas do mundo por ter conseguido, sob disfarce, fugir à Justiça. O giro, se giro se pode dizer nestas situações, disto tudo é que o disfarce não foi inventado, mas sim roubado. Segundo o Público de hoje, o médico Dragan Dabic era não mais que uma mistura de um verdadeiro médico e um verdadeiro Dragan Dabic. O médico, chamado Peter Glumac, tem exactamente a mesma aparência que Karadzic apresentava na detenção. O verdadeiro Dragan Dabic é um construtor civil. Treze anos, este disfarce durou treze anos. Como é que é possível nunca ninguém ter notado semelhanças demasiadas entre os dois "médicos" e demasiadas coincidências entre o "médico" e o construtor. Enfim, apenas fico contente por repetir o que tantas vezes já foi dito: a justiça tarda, mas não falha!

27
Jul 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 14:03link do post | comentar | ver comentários (2)

Depois da frase veio o acto. Não gosto da demagogia tão característica de Portas, mas nesta questão dou-lhe toda a razão. A atribuição do Rendimento Social de Inserção tem de ser investigada. É vergonhoso constatar que algumas pessoas que trabalham recebem escassos 400€, que têm de se ver esticados para cobrir as prestações da casa, as contas da luz e da água, para além de todas as despesas da praxe e que algumas pessoas, outras, não trabalham, ou fingem não o fazer, e recebem quase o que os que trabalham por pouco recebem, sem ter de se preocupar com casa, água, luz e com tantas outras despesas que o Estado Social no meio de toda a sua solidariedade faz questão de custear. Penso realmente que tem de se dar apoio a quem está em situação difícil, mas, como diz a Fernanda Câncio, não exageremos.
Já vai sendo tempo de o Estado Social dar lugar ao Estado Justo em que a bem da equidade não se tira a quem trabalha para dar a quem, trabalhando, não quer que se saiba.

26
Jul 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:51link do post | comentar | ver comentários (8)

Com medo de repisar um assunto já tão debatido pela amiga televisão, pela menos amiga rádio e pelos compinchas blogues, vou falar do livro do Gonçalo Amaral.
O caso Maddie levou os portugueses a sentir de tudo um pouco. Havia aqueles que nas primeiras semanas vendiam pulseiras e aplaudiam os pais na rua. Havia aqueles que, nas tertúlias de café ou nas pausas do trabalho diziam com ar desconfiado que naqueles pais qualquer coisa cheirava mal. Havia a Fátima Lopes, guerreira das boas causas que todos os dias lembrava "a menina" nos seus programas. Havia um Portugal que na sua pequenez tinha espaço para todo o tipo de opiniões e sentenças. Mas, apesar de todo Portugal ter o seu parecer, tão comum à "raça" opinativa que é a lusitana, a última palavra ficava para as autoridades, o mesmo será dizer, para quem sabia. O problema é que quem se pensa saber, sabedoria tem pouca, e este alvoroço mundial, esta montanha, pariu um rato: o caso foi arquivado. Gáudio para os jornalistas e investigadores a recibos verdes que puderam ir vasculhar no que no segredo de justiça se encontrava para poderem alimentar telejornais de uma hora durante este tonto Verão. O pior é que numa época tonta, também as pessoas ficam tontas e rapidamente ultrapassam a barreira do razoável. Essa barreira é aquela que divide a simples opinião pessoal, pública, mas pouco, e a acusação improvada, vulgo, a calúnia.
Gonçalo Amaral teve oportunidade de resolver o caso, pobre dele que não o permitiu a incompetência. Mas o senhor não se ficou, ou vai ou racha, e decidiu publicar um livro com a sua tese de sempre, que até pode ser a mais certa de todas as que se fizeram, mas pela falta de provas fica reduzida a um crime. A questão é que tornar pública uma tese enquanto se dirige um caso ainda aberto é "investigação" , tornar pública uma tese incriminatória depois de dados inocentes todos os envolvidos é simplesmente parvoíce. É disso que temos excesso: parvos. Parvos que não sabem, a mal de muitos, o que é a liberdade de expressão.

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