«Só sei que os mouros voltaram porque, no espaço de pouco mais de um mês, dois cardeais foram ao Casino da Figueira precatar as moças católicas contra os perigos do casamento com muçulmanos. Eu não conheço uma única senhora que pretenda desposar um muçulmano, nem imagino a razão pela qual os mouros, aparentemente, preferem noivas católicas frequentadoras de casinos. Mas a verdade é que, tendo em conta a frequência dos avisos e o local em que eles são emitidos, o que não falta na Figueira da Foz são donzelas cristãs que, após uma tarde de apostas na roleta, desejam unir-se em casamento com um seguidor do islamismo.»
Ricardo Araújo Pereira, na Visão
Sou um cidadão alerta. Tenho esta irritante mania de identificar os males da nossa sociedade e de os coleccionar num caderninho comprado exclusivamente para esse efeito. Normalmente mando as reclamações para o "Nós por cá", por achar que os deputados não me dariam ouvidos. Mas com esta história, acho que posso tornar públicas algumas das minhas preocupações:
O café: tem demasiada cafeína que pode ser nefasta para a pessoa, por isso, deveria ser proíbida a bica e apenas deveria ser comercializado o descafeinado. E apenas um por dia, que mais é pior.
O queque: é um bolo que engana o consumidor, o consumidor olha para aquilo e pensa que não faz mal, vai-se ver e está carregadinho de gordura. Proponho a erradicação do queque das pastelarias do país.
Os livros do Miguel Sousa Tavares: são maus, é verdade. E os consumidores ao verem na capa que são muito vendidos acabam por cair no logro e gastam o seu dinheiro num produto de má qualidade. Reinvindico, por isso, que seja proibido editar mais livros do senhor.
Os sofás fofinhos: todos sabemos que fazem mal às costas e todos fingimos não querer saber. Os sofás fofinhos são um flagelo neste novo século, primeiro, porque são baratos, depois, são, regra geral, esteticamente apelativos, ou seja, enganam-nos com uma pinta que nem digo nada.
Os cotonetes: imensa gente usa mal o cotonete, não sabe que não pode enfiar muito lá para dentro. É seguramente um atentado à saúde pública, por isso, é retirá-los das prateleiras dos supermercados.
A Aspirina: ouvi no outro dia na rádio que é o medicamento que mais mata no mundo, e como temos o direito à vida, há que proibir a venda deste veneno autêntico. Maldito lobby dos farmacêuticos!
Os telemóveis: é público que emitem radiações extremamente prejudiciais à saúde humana. Nunca se perguntaram porque é que os visionários cubanos o proíbem?
Para já fico-me por aqui, mas acreditem que vou continuar alerta. Não posso compactuar neste atentado à liberdade de não ser enganado dos consumidores, todos temos o direito à protecção no consumo!
Nota: obviamente, estou a ser irónico, eu não defendo realmente isto. É apenas uma forma de "gozar" com o pão sem sal a que estamos obrigados a comer pelos nossos deputados.