Tinha prometido a mim mesmo não falar das eleições de Lisboa. É coisa lá deles, que só lá vou quando é mesmo preciso. Mas a senhora Helena Roseta obriga-me a engolir a promessa, ó inferno que me aguardas, e tocar na ferida.
Tinha prometido a mim mesmo não falar das eleições de Lisboa. É coisa lá deles, que só lá vou quando é mesmo preciso. Mas a senhora Helena Roseta obriga-me a engolir a promessa, ó inferno que me aguardas, e tocar na ferida.
Curioso que a Câmara de Almada faça anúncios na TV. Curioso porque não se percebe o objectivo do anúncio para além do auto-elogio. Mais curioso ainda é que tudo isto seja feito a escassos meses das eleições. Porque será que fico com a horrível sensação que o pê-cê está a fazer campanha eleitoral com o meu dinheiro?
Ontem à noite fui assistir ao fogo-de-artifício de Almada. Festa rija, todos os anos, ou não fosse a Câmara comunista, o que não tendo nada a ver, explica muita coisa. Ora este ano a celebração foi composta por actuações avulsas de gente desconhecida, a quem poderia chamar sem nome, não fosse o título servir para o que vou dizer mais em baixo, pela intervenção do vereador da Cultura, o grande, o magnífico, António Matos, cujo discurso foi uma amálgama de rockice e analfabetismo, pela intervenção da Presidente Maria Emília, que gritou chorosa que nos amava a todos e a quem eu respondi, o quê, não digo. E depois do passeio das figuraças veio o momento solene: Almada cantou o Grândola Vila Morena. É um momento que me faz arrepiar sempre, mas deixemos isto por agora, que os meus arrepios pouco interessarão aos estimados leitores. Cantada a Grândola, começou o fogo-de-artifício. Ó espectáculo mais extraordinário, começou com a Grândola Vila Morena como banda sonora. A marcha de fundo, a canção e a luz fizeram a noite. O pior foi quando a Grândola acabou e o fogo tinha de continuar. Para este problema, o DJ arranjou solução fácil: colocou na Praça da Liberdade as músicas It's All About Us, La Tortura, One Love, Baila Morena e acabou com um remix ranhoso que ninguém parecia conhecer nem tão-pouco gostar. Uma estupidez sem nome fazer do 25 de Abril e da sua celebração um Carnaval, uma mini-discoteca improvisada, aquilo.
Paulo Pedroso decidiu abandonar o Parlamento para se candidatar a uma autarquia. Isso não traria problema algum, não se desse o facto de a autarquia escolhida ser a de Almada. A derrota é um dado adquirido, por um conjunto de razões.
Em primeiro lugar, Almada é, desde 1974, "território comunista". Trinta e cinco anos de gestão autárquica comunista, sem oposição digna desse nome, levaram a uma Almada que se pensa muito desenvolvida à conta das duas lideranças que teve (sim, Almada em trinta e cinco anos só teve dois Presidentes da Câmara). Apesar de nunca ter feito nada substancial por Almada, o Partido Comunista é o único possível para a maioria da população.
Poder-se-ia pensar que com o afastamento de Maria Emília de Sousa o PCP-Almada ficaria fragilizado. Resolveu-se: durante este mandato o metro de Almada foi posto a funcionar, construiu-se mais uma biblioteca, renovou-se muito do centro da cidade, construiram-se mais dois complexos desportivos, para além das escolas. Há a enraizada ideia de que o PCP fez muito pelos almadenses (apesar de esse muito ter meia dúzia de anos).
Há ainda o problema inerente a Paulo Pedroso. É que vivemos num país no qual se é inocente até que se prove o contrário, mas a flôr-de-lis é carregada para sempre por aqueles sobre os quais recai qualquer das suspeitas, ainda para mais se for uma suspeita como a que persegue Paulo Pedroso há anos. "Se há fumo há fogo", é das frases mais repetidas nesta nossa praia, e se o povo desconfia, não há nada a fazer. Paulo Pedroso em Almada é um nado-morto.
A decisão já foi tomada em Dezembro, mas só agora veio a público. A Câmara Municipal de Lisboa decidiu proceder à alienação de seis palácios ou edificios apalaçados, para que estes passem a ser hotéis de charme e Lisboa passe a ser uma referência nesta oferta.
Pessoalmente, considero a decisão positiva: não faz sentido que tenhamos palácios e palácios deixados ao abandono ou convertidos em maus museus sustentados pelas contribuições tributárias de todos nós. É uma forma de poder ter um património com valor inquestionável mantido em boas condições e a gerar riqueza, atraindo para a nossa capital, seguramente uma das mais belas da Europa, uma imagem de qualidade no turismo. Para além disso, há que lembrar a situação difícil ao nível da tesouraria que a CML atravessa, e esta medida vai permitir uma estabilização nas contas que é sempre positiva, sempre é melhor que pedir um aval do Estado.
«A declaração de interesses apresentada em Janeiro deste ano e referente aos rendimentos de 2006 colocou Valentim Loureiro na liderança de um "top" algo invulgar: pelo menos em número de participações sociais que detém em empresas, o major, presidente da Câmara de Gondomar, é o autarca que mais empresas possui e gere. (...)»Eu pergunto-me como é que ainda falam do Jorge Coelho. Gondomar e o seu presidente são o típico exemplo do que é corrupção autárquica. Quando é que se mete esta gentalha toda em tribunal?