Bem-vindos à democracia dirigida, por Pedro Lomba.
O CDS está há muito numa espiral negativa e, perdoem-me os acólitos, muito se deve o facto à liderança de Paulo Portas. Um líder, mais que um figurão que vai à televisão, é um responsável pelos maus comportamentos do partido que lidera. E a Paulo Portas tem de ser imputada essa responsabilidade.
Eu não sei se já escrevi aqui, mas gosto imenso das crónicas áudio de Alberto Gonçalves. Esta está especialmente boa.
Apesar de bonito, o texto de José Pacheco Pereira sobre a verdade não é propriamente rigoroso em relação a algum pensamento de Popper. Segundo a filosofia de Popper, não é a verdade de uma qualquer proposição que não se pode verificar (e com «verificar» refiro-me ao critério de verificabilidade consensualmente aceite antes da sua entrada na cena). Aliás, nem faria sentido. A proposição «a Matilde é loira» é perfeitamente verificável, basta que se olhe para o cabelo da Matilde. Aquilo que para Popper, e para os pensadores actuais na sua maioria, não é verificável são as teorias gerais, como por exemplo «todos os corpos caem» ou «todos os corvos são pretos». Aliás, Popper diz até que só é uma verdadeira teoria científica aquela que se possa falsificar, mas não verificar.
Tal como o Senhor Polomar, também acho as entrevistas da Laurinda um espanto. Sim, há ironia aqui. As perguntas parecem aquelas que uma criança tola faria, quando confrontada com um velho barbudo. Não conheço Vasco Pulido Valente, mas ao ler a entrevista, cheguei a meio e senti-me solidário com o senhor, cujo tédio era mais que óbvio. Isto tudo e ainda não tinha lido metade do exercício (ainda não retomei, estou a ganhar coragem). Das perguntas, a mais extraordinária é, sem sombra de dúvidas: «Gostas do teu nome?». É de uma candura que me aflige, numa senhora que teve 1,5% de votos nas últimas eleições. Laurinda não entende que o interesse em fazer entrevistas que são publicadas é conseguir receber respostas que interessem a quem compra a publicação e não aquelas tentativas de pseudo-psicologia inúteis.
A ideia de haver uma entidade que regula a comunicação social num Estado democrático é assustadora. Não entendo como é possível existir num país que sofreu na pele meio século de censura e pensamento filtrado não haver quem se bata seriamente pelo fim daquela criação de Santos Silva. Os ataques à liberdade de imprensa foram muitos, mas a última directiva, inexequível por princípio, deveria ser o último prego do caixão daquela «coisa». Infelizmente, parece-me que não.
Sobre a entrevista que o líder dos comunistas portugueses deu a Judite de Sousa deixo umas notas, armando-me, claramente, em Alexandre Homem de Cristo.
(5) É também curiosa a questão da entrega do salário de deputado ao Partido, por parte da própria classe dirigente. É quase do domínio da esquizofrenia o facto de, por um lado, defenderem de forma cega que, dê por onde der, todos os pobres têm de ter mais e, ao mesmo tempo, rejeitarem eles próprios a possibilidade de ter uma melhor vida de uma forma honesta e perfeitamente legítima. Cada um faz o que quer com o seu salário, mas é perturbador como a classe dirigente do PCP consegue, ao mesmo tempo, pedir mais para os mais pobres, e sentir que estão a ter um comportamento mais íntegro ao manterem-se pobres; como se o dinheiro, sujo, lhes destruísse a alma.
E aqui, em representação da minha outra casa, junto do João Villalobos fui falar um pedaço com Francisco Louçã. Hands still shaking.
Concordo ali com o João Gonçalves. As listas dos partidos são uma completa questão lateral. O regime em que vivemos está alicerçado na eterna disciplina partidária que torna completamente inútil discutir quem vai, quem fica.
A democracia portuguesa, na sua essência, é apenas uma portentosa e onerosa fábrica legislativa. O Parlamento nacional dá-se ao luxo de legislar as mais pequenas e irrelevantes situações. Tudo, claro, para nosso bem.
«Assim, todas as instituições financeiras devem ser obrigadas a prestar, duas vezes por ano, a informação relativa às entradas nas contas dos seus clientes, para que esta informação possa ser cruzada com os dados das declarações fiscais.»
do programa eleitoral do Bloco de Esquerda.
Até fiquei com vontade de fechar os comentários, mas enfim. Fiquem aqui com esta menina tão bonita que fica tão bem nesta cantiga, que eu vou ali e acho que hoje já não venho.
A intervenção de Marques Mendes foi, para além de escusada, um disparate. É inaceitável que se proíba a candidatura de pessoas acusadas de crimes, sejam graves ou não. Uma acusação não é uma sentença e não se pode punir alguém que se presume estar inocente.
Dá-me um gosto tremendo ler um qualquer artigo inglês ou americano e perceber que mesmo as elites têm, antes dos seus nomes, um simples Mr ou Mrs. Pode ser um canalizador, um electricista, um advogado, um político, não interessa. Venero esta capacidade dos anglo-saxónicos de mandar às urtigas a profissão, os estudos ou a condição social dos interlocutores e perceber que é respeitoso que chegue o simples tratamento que em Portugal se poderia traduzir por senhor e senhora.
O título exagera as qualidades do sr. José Sócrates ao fazer a brincadeira que faz no título. De qualquer modo, é feito neste artigo do Economist um retrato relativamente fiel à verdade da situação que vivemos. E a recomendação é clara: «To improve its performance, Portugal needs more flexible labour laws, less bureaucracy, a better educated workforce, more competition and a smaller state.»