Fui hoje ao último dia da Feira do Livro de Lisboa. Tão cedo não esqueço.
Tudo começou com um Metropolitano estragado, parado, que me fez ir a pé desde a Baixa/Chiado até ao Parque Eduardo VII. Quando entrei vi, com tristeza, um ecrã gigante no mesmo sítio daquele bazar de conhecimento. Que contraste! T-shirts e cachecóis de um lado, óculos e cachimbos do outro. Mas a partir daí tudo foi gáudio e alegria.
Banquinhas bonitinhas, coloridas, a abarrotar de páginas à espera de ser lidas a preços sedutores. Numa volta - numa das muitas - pela feira, comprei O Atiçador de Wittgenstein por uns amáveis 7€. Quando estava numa das outras voltas uma coluninha faz-se ouvir, oiço na mesma frase "José Saramago", "autógrafos" e "Espaço LeYa". Corro. Pego num Ensaio Sobre a Cegueira, o qual andava desejoso por ler. Depois, desilusão. A fila tinha fechado, o autógrafo do esquerdino Nobel ia ter de ficar para o ano... Talvez para os outros, eu não saía dali sem um autógrafo bem autografado na segunda página do meu mais recente livro. Fui à fila e pedi à última rapariga se o podia levar para autografar. "Não faça isso!". Era o segurança. "Mas é o Saramago!" retorqui. Depois de 2 minutos de conversa o afável senhor lá fechou os olhos à minha prevaricação. Alegria! Tinha uma obra-prima da literatura portuguesa, em desacordo com o acordo do qual discordo, e com um autógrafo de uma das mais emblemáticas figuras do século XX para toda a humanidade. Assim terminou a minha visita ao mais maravilhoso evento da nossa bela praiazinha.
Para o ano, lá estarei, o livro autografado será A Viagem do Elefante ou O Envagelho Segundo Jesus Cristo, quem sabe? Decerto virei para casa com mais uma segunda página assinada.
P.S.: Caro Al Kantara, quando passei pela banca das Edições Avante vi o livro que me recomendou e considerei seriamente comprá-lo, não o fiz, talvez o compre na Festa do Avante em Setembro. Aposto que é do máximo interesse.