Lá fui. Igual, como sempre.
Este ano não há KFC, só Telepizza – o capitalismo está a ser fortemente combatido. As abadias distritais/regionais (sim, porque não há nenhum distrito chamado Alentejo) são as mesmas. Vendem o mesmo. As pessoas talvez sejam diferentes. Pormenores irrelevantes. Vamos ao que importa.
O Avante é «a» festa política em Portugal. Tem vícios, claro. É muito triste ver ambulâncias em permanente circulação e em permanente tratamento de rapariguitas em coma alcoólico. É muito triste ver gente completamente embriagada a meter-se com desconhecidos. É muito triste que cada tomo do «Capital» custe uns escandalosos 11€. No entanto, tudo isto facilmente se ultrapassa – é verdade! – quando se sente o espírito da festa. Vamos à Festa do Livro e compramos um «A casa dos budas ditosos» do Ubaldo Ribeiro por uns simpáticos 15€. Fingimos que não sabemos que uma grande parte das pessoas que ali circula não é comunista e deixamo-nos ficar, quando escassos minutos faltam para a meia-noite, a olhar o céu despido de estrelas – vulgares vestes – e coberto de foguetes coloridos – coisa nobre. Baixando os olhos, mesmo cá para baixo, para o palco principal, são aos milhares os que num transe inexplicável dançam, sim: dançam «A Carvalhesa». Riem. Muito. Estão felizes por participar na festa. Tudo isto numa sexta-feira mal amanhada e começada tarde.