Concordo contigo, mas gostaria de ver este artigo publicado no Jamais. Será que terei esse prazer?
Não há grande problema. Mas acho que não percebeste bem a ideia do post...
"Não há grande problema. Mas acho que não percebeste bem a ideia do post..."
Não havendo problema não percebo porque é que este, e só este, não está lá. Gostaria de ver a reacção ao mesmo.
Mas já li os teus outros artigos e tenho de te confessar que pareces um spin doctor! Se começas por criticar todos os partidos, acabas, como começa a ser apanágio, a atribuir as culpas apenas a uma figura, destruindo assim a coerência do teu raciocinio.
Mas vamos por partes, primeiro o que eu compreendi neste artigo. Para mim a interpretação é que uma decisão de um grupo privado não deve cruzar a esfera publica da politica. Aliás ontem ficou obvio que ainda é necessário muito para amadurecer um pensamento liberal em Portugal, onde a esfera privada dos negócios não se cruza com o mundo politico.
Agora tenho de confessar que esse amadurecimento tem de acontecer também contigo. A critica que fazes ao Socrates é profundamente anti-liberal pois ataca a liberdade de expressão de uma pessoa. O problema não é que o Socrates diga o que lhe apetece está no seu pleno direito, o problema é que alguém decida tendo em linha de conta isso mesmo, isto é apenas para agradar o Socrates. E o que sugeres além de anti-liberal é ineficiente. Pois só resolves os problemas se eliminares os que executam.
Deverias saber, como liberal, que a censura (mesmo na sua forma de auto censura) não resolve nada!
Um abraço,
João
João,
Todos nós temos liberdade de expressão. Acreditar na sua importância, porém, não implica desprezar as consequências dos usos que damos a essa liberdade. E José Sócrates enquanto Primeiro-Ministro - a entrevista foi feita ao Primei-Ministro - não tinha o direito de dar aquele tratamento a uma estação de televisão. Ou melhor, que o desse, mas que arque com as consequências!
Quanto à questão liberal. Repito que não compreendeste o post. Os três posts têm de ser lidos num todo. Num país normal, aos partidos não interessaria isto porque isto não teria nenhuma relação com a política e com os políticos. No entanto, é mais que óbvio que está intimamente ligada a questões políticas, pelo que é quase natural que os partidos falem do assunto. E repara que, regra geral, as declarações não condenavam a atitude da administração, mas sim a do PM e do PS.
Abraço
Tiago,
Vamos então por partes:
- "E repara que, regra geral, as declarações não condenavam a atitude da administração, mas sim a do PM e do PS."
1) Aguiar Branco: "José Pedro Aguiar-Branco, lançou hoje um “um grande apelo cívico à sociedade civil, a todos os portugueses – qualquer que seja a sua cor política ou partidária – para denunciarem e repudiarem” o encerramento do Jornal Nacional da TVI, apresentado por Manuela Moura Guedes."
e ainda
"“a demissão em bloco da direcção de informação da TVI consubstancia uma dos maiores atentados à liberdade de informação em Portugal de que há memória depois do 25 de Abril”"
Aliás posição que depreende-se a MFL apoia:
2) "Manuela Ferreira Leite mostrou-se esta Sexta-feira inquietada, em Berlim com a suspensão do Jornal Nacional de sexta-feira da TVI. Ferreira Leite referiu ainda que o PSD, «já tomou posição pública sobre a matéria»,..."
3) "Por considerar este episódio «extremamente grave para o Estado de direito e a liberdade de expressão», Rangel pede «às pessoas de todos os quadrantes políticos» que se unam na «luta pela liberdade de expressão»."
Como vês e ao contrário do que afirmas, o episódio está no centro da questão no discurso do PSD. Que os mesmos queiram fazer um aproveitamento politico é simplesmente lamentável.
Aliás é impossível falares deste tema da forma como está a ser falado sem condenares "a atitude da administração".
"Num país normal, aos partidos não interessaria isto porque isto não teria nenhuma relação com a política e com os políticos. No entanto, é mais que óbvio que está intimamente ligada a questões políticas, pelo que é quase natural que os partidos falem do assunto."
Julgo que este paragrafo é, e espero que não te ofendas com a expressão, esquizofrénico! Ou bem que é um tema que não tem nada a ver com politica e nenhum dos partidos deveria ter falado (que é o que eu considero) ou bem que é um tema politico e todos os partidos, repito todos, devem falar sobre este assunto e nesse cenário vivemos no país "decente" que queres. Não podes é dar um no cravo e outro na ferradura. É essa coerência que o teu artigo não tem, pois inicia com um pressuposto que depois na tua argumentação o destrois.
Quem decide se é ou não tema politico são os agentes politicos e eles decidiram que era, e aí está o problema! Pois a realidade é que alguém com poder para tal decidiu acabar com um programa. Essa decisão foi tomada numa empresa privada. Tudo o resto é fantasia, rumores e boatos que algumas pessoas tentam transformar em realidade. As reacções apenas demonstraram que nenhum dos agentes politicos tem uma visão liberal da sociedade e principalmente da economia! Afinal a palavra "privado" é muito subjectivo nalguns politicos da nossa direita...
Finalmente a liberdade de expressão:
"...não tinha o direito de dar aquele tratamento a uma estação de televisão."
É muito estranho quando a defesa da liberdade de expressão é feita através da limitação dessa mesma liberdade.
O PM como qualquer outra pessoa tem o direito de dizer o que quiser e as consequências não podem ser a responsabilização de uma decisão privada. Essa responsabilidade não tem nada a ver com o PM mas pura e simplesmente com a administração da TVI.
E o que é que ele disse: que não gostava de um Jornal. Perigoso é que alguém ligue isto à demissão pois significa que no seu raciocinio é uma opção pressionar orgãos privados de gestão.
Já agora, um pequeno àparte, o que tu acabaste de demonstrar com o teu artigo é que também tu pactuas com a infantilização da sociedade!
Para mim é simples:
Ou a decisão foi boa ou não.
- Se foi boa a TVI vai ser beneficiada e terá mais audiências;
- Se não foi boa a TVI vai ser prejudicada e perderá audiências;
não consigo computar neste cenário a questão politica que falas...
João,
É óbvio que os partidos falaram da demissão da direcção de informação. Mas a tónica esteve na atitude do PS, do Governo e do próprio PM. Isto é claro para mim.
O texto não é «esquizofrénico». O que eu escrevo é, por outras palavras: num país decente, uma decisão de uma empresa privada não iria interessar aos partidos políticos porque, à partida, não iria ter interferência de nenhum deles nem do governo. No entanto, suspeita-se que tenha havido interferência tanto de um partido, como de um governo e têm se a certeza que houve pressão - mais não seja pelas declarações mais que públicas. Ora, se há uma efectiva relação com os partidos e a política, é óbvio que os partidos se obrigam a pelo menos uma declaraçãozita. Num país decente esta declaraçãozita não tomaria lugar simplesmente porque não haveria relação entre o poder/partidos e a estação. Fiz-me entender?
Quanto à liberdade de expressão. João: imagina que tu chegavas ao pé de um miúdo gordinho e o começavas a atazanar por ele ser gordinho. A liberdade de expressão permite-te dizer que ele é gordinho, sim senhor. Mas é inegável que tu passas a ter alguma quota de responsabilidade se ele fizer uma dieta maluca e acabar anorético, certo? O caso é o mesmo: o PM diz o que lhe apetecer - ok! -, mas tem de arcar com as consequências e assumir as responsabilidades do que advém das suas declarações. Isto é do mais óbvio que pode haver.
Eu não pactuo com nenhuma infantilização da sociedade. Não pactuo com isso nem com condicionamentos à imprensa vindos de quem detém o poder.