O almoço tinha sido soberbo. Carne assada na brasa com a bênção das nuvens que, lá de cima, se babavam de fome e inveja e que, para vingança, nos atiravam um calor insuportável, impróprio, mesmo para os mais excepcionais estios. Agora era altura de sair, beber o cafezinho. Então, quase como se todos os presentes fossem máquinas com funções determinadas por um qualquer inventor, foram as mulheres direitinhas à cozinha, carregando pesados pratos de restos e copos vazios – ai não! –, e foram os homens para a porta, fumar os cigarros e falar dos motores dos carros. Mas houve uma mulher que não se levantou ao mesmo tempo que todos os outros. Tinha os olhos semi-cerrados, como se estivesse a aprontar alguma.
P.S.: Como os habituais já perceberam, tenho escrito a um ritmo muito menor e tenho «esquecido» a actualidade política. Trata-se, confesso, de puro desleixo e de vontade de desfrutar as férias o mais possível. Lá para Setembro, tudo recomeça.