Dá-me um gosto tremendo ler um qualquer artigo inglês ou americano e perceber que mesmo as elites têm, antes dos seus nomes, um simples Mr ou Mrs. Pode ser um canalizador, um electricista, um advogado, um político, não interessa. Venero esta capacidade dos anglo-saxónicos de mandar às urtigas a profissão, os estudos ou a condição social dos interlocutores e perceber que é respeitoso que chegue o simples tratamento que em Portugal se poderia traduzir por senhor e senhora.
Nisto somos do mais tacanho que pode haver. Nesta nossa fétida praia um tipo com uma licenciatura mal tirada é um doutor, um engenheiro, um professor. Parece que há um qualquer prazer em tornar público que se leu meia dúzia de livros no final da adolescência e que comprámos uma capa preta com que percorremos as ruas de Coimbra na noite da queima das fitas.
Só num país de gente parola, atrasada e provinciana pode ser um motivo de orgulho uma diferenciação destas. Em tempos idos e em lugares longínquos coisas destas faziam saltar cabeças. Não lhes cabe um alfinete no rabinho diplomado. Tristes.