A máfia da blogosfera
31
Jul 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:28link do post | comentar

Eu estava a ler este enorme texto do João Galamba e confesso que a imagem que o João me transmitiu foi qualquer coisa como o mundo separado a meio por um rio, de um lado a margem Esquerda, do outro a margem Direita. O mundo dos esquerdistas era admirável, como o outro: sempre optimistas, idílicos, de olhos postos no futuro e tal. O mundo dos direitistas era um assombro: gente com o Leviatã na mão, recitando passagens, gente a falar dos antigamentes e como era bom o tempo sem televisão. No fim apercebi-me: o exercício do João foi um exercício fútil de mera assunção de um preconceito insanável.

Em primeiro lugar, discordo desta coisa de uma esquerda e uma direita. Para ser franco, do que discordo mesmo é da aplicação destes dois conceitos na actualidade, visto que estão completamente deslocados daquilo que eram quando criados, mas enfim. Se o João Galamba me dissesse: os social-democratas são visionários, ou os conservadores são tacanhos, a coisa ainda se aceitava, ainda que estivesse errada na mesma. Porque a verdade é que o que o João está a dizer é que há algo genético que nos faz ser de esquerda ou de direita. Isso é tolo. Eu pergunto ao João onde se situam os liberais no meio dessa festa toda e o João responde-me com um silêncio quase tão grande como o seu texto. Eu pergunto ao João onde se situam os comunistas no meio dessa festa toda e o João responde-me com um silêncio quem sabe ainda maior.
Estudos quase filosóficos, quase, sobre a direita e a esquerda enquanto conceitos abstractos são inúteis. E são inúteis porque, em primeiro lugar, tentam criar o personagem-tipo de direita e o personagem-tipo de esquerda, como se todos fossem iguais e, em segundo lugar, porque esses conceitos são completamente desprovidos de significado e servem apenas para minar o debate político e criar barreiras psicológicas para o diálogo. Barreiras como a implícita no texto.

Começo a achar que tens razão. Apesar de continuar eu achar que o campo político a que pertecemos ou com o qual mais nos identifcamos está relacionado com um sem número de factores, incluindo a própria personalidade, ninguém é totalmente de Direita ou de Esquerda a não ser que sejam fanáticos ou a não ser claro, que sujeitem as suas mesmas opiniões a serem de uma "Esquerda" ou de uma "Direita" e não o contrário. Ou seja, em vez de pensar: qual a minha opinião, pensam: qual a opinião que uma pessoa de Esquerda (ou Direita) tem sobre este assunto.
Daniela Major a 31 de Julho de 2009 às 16:38

Oi Daniela,

Julgo que a direita e a esquerda só fez sentido quando foi criada (uns por estarem à direita e outros à esquerda), mas julgo que é irrealista que esse momento (porque uns decidiram sentar-se à direita ou à esquerda) tenha tido a capacidade de definir o posicionamente de tantos milhões de pessoas!!!

Mais um excelente artigo. Só espero que finalmente entre na discussão "mainstream" o liberalismo para esclarecer claramente o que, as diferentes visões internas, e deixe de existir uma usurpação por parte da palavra "liberais" de quem não é liberal.
João Cardiga a 1 de Agosto de 2009 às 14:34

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