Há em Portugal três grandes ideologias que obtêm a simpatia do eleitorado: a social-democracia, o liberalismo e o conservadorismo. Apesar disso, os partidos existentes não estão alinhados com estas ideias. A social-democracia está repartida entre o eleitorado (atenção: eleitorado é diferente de direcção) comunista, bloquista, socialista e social-democrata. O liberalismo está repartido em duas vertentes: na vertente económica, chamemos-lhe assim, está disseminado principalmente entre CDS, PSD e PS; na vertente social reparte-se entre bloquistas e socialistas. O conservadorismo reparte-se essencialmente entre PSD, CDS e, arrisco, PCP.
O principal problema desta indefinição ideológica dos partidos, que não têm qualquer tipo de doutrina na sua base - é o triunfo da realpolitik, dizem - é que o eleitorado que tem uma ideologia própria tem sempre de escolher pelo mal menor. Por exemplo, um indivíduo assumidamente liberal em todas as suas vertentes tem de fazer uma opção entre, lets say, o CDS, abdicando do seu carácter algo progressista; e o Bloco, cedendo às derivas estatizantes e repressivas que tão bem conhecemos.
Seria ideal que se recriasse o espectro: três grandes partidos, ideologicamente bem alicerçados: um grande partido social-democrata, um grande partido liberal e um grande partido conservador.