Mesmo que já tenha sido desmentido?
Não conheço. Que é que eles dizem?
Eles fizeram estudos empíricos que não confirmam este raciocinio simples, baseados na oferta/procura.
Outros, teoricos, também já o contestavam, já que não se aplica a nenhum mercado de trabalho real, multisectorial, em que há assimetrias de informação etc etc... todas aquelas imperfeiçõezinhas com que a economia clássica tem dificuldade em lidar...
Tenho de ler sobre o assunto, apesar de, tal como escrevo no post, não ser este o argumento que mais me interessa.
E qual é o teu principal argumento?
Stran a 26 de Julho de 2009 às 01:14
Creio que é ilegítimo que, por um lado, o Estado se intrometa em contratos entre privados (e o contrato de trabalho está aqui incluído), por outro lado, não creio que seja legítimo o Estado fixar preços, tendo de ser os mecanismos básicos de oferta e procura a determiná-los.
Ao fazer isto, o Estado cria distorções enormes. 600€ (é a meta até 2013 que se anda a falar) em Portugal é um ordenado muito próximo do ordenado médio. Qual é o estímulo que o individuo normal vai ter para se qualificar se o Estado lhe garante um salario superior a 600€ sem o fazer e não lhe iria assegurar nada se tivesse essa qualificação?
1 - Não é ilegitimo. Mas concordo que pode não ser necessário, desde que o Estado garanta um rendimento minimo a cada cidadão ;)
2 - O incentivo tem de ser criado pelos privados, não pelo Estado. Se as empresas valorizam as qualificações então automáticamente têm de aumentar o salário, logo o salário médio aumenta e já não fica perto do ordenado médio.
Stran a 26 de Julho de 2009 às 11:00
«Eles fizeram estudos empíricos que não confirmam este raciocinio simples, baseados na oferta/procura.»
Penso que a maioria dos estudos actuais confirma de facto a tese do Friedman. Há alguns estudos que afirmam que plafonds mínimos não têm efeitos em monopsónios, mas os mercados afectados pelo salário mínimo estão mais próximos de serem mercados clássicos do que monopsónios.
Aliás, não é por acaso que quando se quer bater nesta ideia se cita sempre o estudo de Krueger. Não há muito mais a confirmar essa tese peregrina de que mais salário mínimo não significa mais desemprego (caso contrário, não haveria razões nenhumas para não instituir um salário mínimo de 1500 ou 2000 euros).
PR a 26 de Julho de 2009 às 15:27
O que é que a sociedade ganha por pagar alguém pagar apenas 15 eur por mês a uma pessoa?
Stran a 26 de Julho de 2009 às 16:22
A sociedade não ganha nem perde. Quem ganha ou perde é a pessoa em questão.
Estás me a dizer que a pessoa ganha mais em trabalhar por 15 euros por mês do que receber 300 eur por subsidio de sobrevivência?
Stran a 26 de Julho de 2009 às 18:32
Não percebo como é que podes inferir isso das minhas palavras...
Tu é que falaste que quem ganha ou perde é a pessoa. Só coloquei a questão na perspectiva da pessoa. E utilizei o subsidio de sobrevivência para ser mais abrangente (poderia utilizar tb o de desemprego.)
Stran a 26 de Julho de 2009 às 21:48
Stran, tu perguntaste-me primeiro de tudo o que é que a sociedade ganhava em pagar 15€ por mes a uma pessoa.
Em primeiro lugar a sociedade não paga a ninguém - a menos que sejam funcionários públicos. Em segundo lugar, a haver ganho ou perda, nunca é da sociedade, mas sim do indivíduo. Foi isso que eu disse. Rudemente: ganhar 15€ só interessa a quem os ganha.
Posto dessa forma e analisando as situações comparativas, então teré de se afirmar que o individuo perde e o colectivo ganha. O primeiro porque deixa de ganhar tanto dinheiro e o segundo porque deixa de pagar tanto dinheiro!
Stran a 27 de Julho de 2009 às 10:27
Stran, o colectivo não paga nada! Por acaso eu pago-te ordenado?! A menos que sejas funcionário público, não.
Uma empresa é um colectivo!
Stran a 27 de Julho de 2009 às 12:08
Então pronto, o colectivo que detém a empresa ganha com o facto de um indivíduo ganhar 15€ por mês. O indivíduo perde. E agora?
É um contrato assinado entre um e outro. O Estado tem o direito de ajudar um contra o outro? Parece-me que o Estado tem de tratar todos por igual...
Sim: todos os individuos!
E nesse sentido faz todo o sentido que crie certos direitos ou protecções.
Quanto aos colectivos, este são apenas construções (ou desconstruções) de uma sociedade. A mesma legitimação que existe para serem criadas é utilizada para limitar a sua acção.
Stran a 27 de Julho de 2009 às 15:05