A questão do casamento homossexual apenas permite ganhar uma nova perspectiva sobre a questão dos privilégios dos casados. No entanto, a injustiça revela-se noutras matérias.
Quando falamos em impostos e em serviços públicos, temos de ter sempre presente uma coisa: todos beneficiamos, em teoria, por igual, pelo que, se houver alguém a pagar menos, então está a ser indirectamente subsidiado pelos outros. Os outros estão a pagar a parte que aquela pessoa não paga. Geralmente, os teóricos destas coisas chamam a isto «estímulo» ou «incentivo».
Significa isto que, por exemplo, um indivíduo, seja do sexo masculino ou feminino, que por azar ou opção nunca tenha constituído uma família é prejudicado em relação a quem constitui uma família. Não sabemos quais foram os motivos que levaram, let's say, o Joaquim a não casar. Apenas sabemos que não casou e que o Estado não o pode prejudicar por causa disso. Com a instituição do casamento, em que os casados são privilegiados, Os joaquins estão a ser prejudicados e muito.
Penso que esta deveria ser uma questão a colocar aos partidos para discussão na próxima legislatura. É que avançar com o casamento homossexual é um imperativo moral, mas não é aceitável que o façamos apenas para criar mais e mais privilegiados.