Com a história da saída de Maria João Pires, escreveu-se, na blogosfera e não só, imensa coisa. Destaco especialmente o texto do Carlos Guimarães Pinto que foi por de mais contestado por inúmeros blogues, pelo que nem faz sentido nomeá-los. O Carlos Guimarães Pinto cometeu o pecado de olhar para a questão de uma forma objectiva, não se rendendo ao romantismo dominante. Claro que logo a correr vieram os defensores dos bons costumes - que no antigamente se encontravam mais do outro lado da barricada - condenar o Carlos a rezar uns setecentos pai-nossos e outras tantas avé-marias, que sugerir que uma pianista se prostitua, mesmo que seja para efeito estilístico, é heresia descomunal e inaceitável.
Sobre o assunto, com o qual já brinquei um bocadinho, só tenho a dizer que seria interessante saber se aqueles que tanto defendem a Maria João Pires e os restantes artistas portugueses, que nos merecem tanto respeito como os pedreiros ou os mecânicos, alguma vez lhe assistiram a um concerto. Se alguma vez fizeram um donativo para um espectáculo cultural. Se alguma vez tiveram a iniciativa de juntar uma, pequenina que seja, associação de apoio a artistas.
É que chorar pela saída de Maria João Pires, ou pelo desprezo a que é votada nesta nossa terra, é muito bonito. O pior é quando as lágrimas são de crocodilo.