A máfia da blogosfera
28
Jun 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 10:12link do post | comentar

 

Bloco de Esquerda: O Programa Eleitoral (6)

 

E, passados alguns dias, continuo a analisar o Programa Eleitoral do Bloco

 

6ª medida

Justiça acessível para todos e todas

Acesso ao apoio judiciário e diminuição das custas.

 

7ª medida

Saúde

Fim das taxas moderadoras. Nova política de medicamentos, para favorecer o acesso e a redução dos preços.

 

Ao contrário das medidas anteriores, das quais discordo por uma questão de princípio e por aquilo que têm subjacente, estas medidas não têm nada disso. São medidas meramente organizacionais, já que ambos os serviços são públicos.

No entanto, discordo do fim das taxas moderadoras e tenho dúvidas quanto à nova política de medicamentos. As taxas moderadoras são de extrema importância e, se calhar, até poderiam ser aumentadas. A questão é simples: o serviço nacional de saúde actual, tal como já escrevi anteriormente, promete algo impossível: um serviço ilimitado. É impossível que se satisfaçam todas as necessidades de saúde existentes com o dinheiro dos impostos, que, seja muito ou pouco, é sempre limitado. As taxas moderadoras são extremamente úteis para, precisamente, moderar os acessos aos serviços públicos de saúde, para que não tenhamos pessoas a ir para as urgências dos hospitais com uma simples dor de cabeça. Provavelmente a intenção do Bloco é muito boa, mas basta que se pergunte a uma recepcionista de um simples centro de saúde que se situe numa localidade mais ou menos populosa, como é que «a coisa» funciona e ela dirá que tem dois ou três cromos que aparecem lá todos os dias ou quase e sem necessidade nenhuma. Isto parece de loucos, mas acontece e basta que se pergunte. É necessário moderar o acesso à saúde, para bem de todos. É a velha questão de não se fazer abuso da nossa liberdade para que haja um maior equilíbrio. Se umas pessoas fazem uso abusivo dos serviços, outras, quando precisam, não o obtêm e isso não pode acontecer. Quanto à nova política dos medicamentos, não sei o que é que o Bloco têm em mente no concreto, mas tenho sérias dúvidas quando a um aumento ainda maior das comparticipações, a não ser que se trate de situações pontuais.


Existem sectores que não foram feitos para dar lucro. A justiça, a educação, a segurança e a saúde são alguns exemplos importantes.

Não em parece que as taxas moderadores são a forma mais indicada de melhorar alguma coisa.

Talvez melhorar alguma coisa, seri permitir a hipótese de se escolher entre o sistema privado e o publico, só descontando para um deles.

Com menos utilizadores podia o sistema dedicar-se a quem precisa.

Não acredito numa visão economicista do sistema.


Daniel João Santos a 28 de Junho de 2009 às 10:38

Daniel,

Tudo tem visão economicista porque não se faz nada sem dinheiro.

As pessoas vivem na ilusão de que podem ter tudo sem darem nada ou dando quase nada e isso é dado pelas injecções comunistas que vamos tento. Pois deixa-me dar te uma novidade sobre os sistemas públicos: não são gratuitos. Pagam-se com impostos. E podes ter melhor ou pior conforme pagares mais ou menos e se a eficiência for maior ou menor.

As taxas moderadoras dão lucro? Não me faças rir!

Para além disso, essa ideia de que nada pode dar lucro também tem muito que se lhe diga. Porque é que é errado que a educação, a saúde, a justiça e a segurança dêem lucro por princípio? É que se for errado ganhar dinheiro com essas áreas, então os professores, os médicos, os polícias e os juízes tinham de ser voluntários e não podiam ser pagos.

Eu não disse que as taxas moderadoras dão lucro. Eu disse que existem sectores que não se deva esbanjar, mas que são tão fundamentais que se deve gastar o que for necessário.

Qual é o problema de existirem mais enfermeiros, mais médicos, mais professores?

Se existem mais professores, teriam menos turmas e portanto mais tempo para uma educação mais personalizada, por exemplo...

Como não se compreende o pagamento de propinas, quando já foram pagas nos impostos.

Se me disserem que os milhões do TGV deveriam ser investidos na construção de hospitais, escolas, reparação das estruturas degradas, na contratação de professores, médicos, etc, eu diria, "E muito bem!"

Não é com racionalizações cegas, olhar para tudo como fossem números, com taxas moderadores que já pagamos nos impostos, que alguma coisa melhor.

O estado não deve ser ama seca do cidadão, mas tem de olhar para as pessoas como pessoas e não como números.


Daniel,

Isso é tudo muito bonito. Mas também muito falso.

O problema de aumentares o número de médicos, professores e mais não sei o quê é que gastas mais dinheiro. E não podes via Estado obrigar os outros a gastar mais dinheiro. Aquilo é tudo pago por mim, por ti, etc. O mínimo que se tem de exigir é eficiência e qualidade.

Os cidadãos não são números. Mas o dinheiro gasto pelo Estado só dessa forma se pode quantificar.

Gasta-se mais dinheiro, mas ao menos é bem empregue. Muito melhor gastar o dinheiro dos meus impostos, que de qualquer forma tenho sempre de pagar, em professores, em médicos, do que em racionalização cega de meios, onde nunca se poupa nos administradores...


Ó, Daniel, com franqueza, não estás a colocar o debate nos termos certos.

Tu basicamente estás a ver as coisas a preto e branco - nos teus preto e branco.

Já pensaste na possibilidade de se gastar menos dinheiro com todos - administradores e funcionários - mantendo ou melhorando a qualidade do serviço, permitindo-te pagar menos impostos? Isso chama-se racionalização. É mau? Não acho...

Tiago,

Ainda quanto à questão do lucro. Julgo que a duvida não é se esses serviços devem ou não dar lucro, mas sim se as decisões devem ser tomadas em função do lucro.

Para mim é claro que não devem ser tomadas em função do lucro mas sim do serviço, sob pena de consequências muito gravosas para os cidadãos.
Stran a 28 de Junho de 2009 às 22:38

Stran,

Pensar que tudo pode ser feito a favor dos utentes e nunca olhando aos custos é ilusório. É preciso conseguir equilibrar as duas coisas, tornando o serviço eficiente, isto é, de qualidade e barato. Pessoalmente, acho que se paga muito aos médicos e companhia. Há uma oferta de mão-de-obra tal que não faz sentido que se pague tanto. Ser médico ainda é ter uma das profissões mais lucrativas no Estado - à custa de todos.

"Pensar que tudo pode ser feito a favor dos utentes e nunca olhando aos custos é ilusório."

Custos?? Eu falei lucro, o que é diferente. Obviamente o sector tem de ser eficiente, aliás deveria dizer mesmo que o Estado tem a obrigação de ser o organismo mais eficiente da sociedade, pois qualquer desperdicio é quase "criminoso"...

Stran a 28 de Junho de 2009 às 22:59

Stran, um serviço público nunca daria lucro. Não faz sentido.

Para além disso, se um serviço público der lucro, isso não é mau para os cidadãos... é dinheiro para eles... De qualquer modo não faz sentido pensar-se nisso.

Um serviço pode dar "lucro", não pode é ser gerido em função do lucro, o que são duas coisas muito diferentes.
Stran a 29 de Junho de 2009 às 13:40

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