Finalmente, é interessante analisar muito bem os números do TGV.
Segundo o Panorama of Transport, relatório do Eurostat publicado em 2009, está projectada a construção, para Portugal, de um total de 519 quilómetros de linha de alta velocidade. A linha entre Lisboa e a fronteira com Espanha, com 207 quilómetros, tem início programado para 2013, ano em que acaba o actual QREN, e a linha entre Lisboa e o Porto, com 312 quilómetros, tem início programado para 2015.
Estes números sozinhos não nos dizem nada, pelo que é interessante compará-los com a restante Europa.
Na União Europeia, até 2007, apenas havia seis países com linhas de alta velocidade, a saber: França, Alemanha, Reino Unido, Bélgica, Espanha e Itália. Destes, os mais ricos da União, temos a Itália com 562 quilómetros de linha, a Bélgica com 120 quilómetros e o Reino Unido com 113 quilómetros. Destes três, a Itália tem programada a construção de mais 328 quilómetros a partir de 2008/2009 e a Bélgica tem programada a construção de mais 77 quilómetros. Estes são países que já iniciaram a entrada na RAVE há cerca de 10 anos, tirando o Reino Unido, e à excepção da França, nenhum iniciou a construção com uma dimensão tão significativa como a nossa. Para fazer algum paralelo com o nosso país, a Holanda, muito mais rica, vai começar este ano a entrada na RAVE e apenas tem projectados 120 quilómetros de rede.
Isto não é discurso do bota-abaixo, é apenas a revelação de alguns números que fazem cair por terra aquelas declarações catastróficas e quase alarmistas de que não podemos ficar para trás neste processo, que não podemos ficar isolados da Europa. Volto a repetir: em vinte e sete, apenas seis estão na RAVE e este ano entra mais um. Portugal será o oitavo e, depois de concluídas as linhas, se tudo correr conforme ao programa, seremos o quinto país com a maior rede. Temos uma economia tão poderosa assim?