Discordo de muita coisa, no entanto, é interessante ler os artigos do Pedro Lains sobre a questão dos grandes investimentos.
Penso que o autor cai no erro de olhar para a questão do investimento de uma forma imediatista. É verdade que segundo o quadro de que fala, Portugal cresceu devido aos investimentos na Expo 98 e no Euro 2004, no entanto, retiro conclusões diferentes da análise. Enquanto o Pedro vê um crescimento, logo uma coisa boa, eu vejo que houve um crescimento que não foi sustentado nos anos seguintes. Será este o objectivo? Não creio.
Por outro lado, diz a determinada altura que a percentagem do PIB gasta em investimento deve rondar os 25%. Se observarmos o quadro, constatamos que rondamos os 23%. Posto isto pergunto, simplesmente, porque é que legitima as Obras Públicas com a «falta de investimento»?
O que propõe é que o valor do investimento público duplique e se mantenha nesse volume durante cinco anos. Não será de esperar que a economia fique demasiado dependente da injecção e que, no fim dos cinco anos, acabe por se ressentir muito mais? Ambos sabemos que as diferentes injecções feitas não têm sido aproveitadas para uma verdadeira modernização - veja-se, a título de exemplo, o caso dos subsídios à agricultura.
É óbvio que o TGV tem de ser feito algum dia. É óbvio que o aeroporto tem de ser feito algum dia. A questão é a pertinência de cada um neste momento. Sendo obras de modernização, importantes é certo, tenho dúvidas se serão as mais prioritárias neste momento. Sem querer entrar em partidarismos e coisas que tais, uma proposta alternativa é que em vez de se gastar tão avultadas quantias no TGV, neste momento, se investisse na rede ferroviária que está, para grande prejuízo da economia nacional e das diferentes regiões, demasiado negligenciada. Parece-me que seria muito mais interessante a recuperação da rede base do que a criação de uma rede topo de gama completamente desfasada do que a envolve.
Para além disso, refere-se no texto apenas ao investimento no TGV e no aeroporto, no entanto, existe uma enorme quantia de dinheiro destinada a construir mais auto-estradas. Neste momento somos dos países com mais auto-estradas da Europa e toda esta construção não trouxe resultados propriamente espectaculares. Não será absurdo manter o mesmo rumo?