A máfia da blogosfera
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Jun 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 14:00link do post | comentar

  

O DIA DELE
 
Passa um ano de Tiago Moreira Ramalho, a solo, na blogosfera. Quando me sopraram quem era o Tiago, fiquei surpreendido. Deve ser atípico da sua geração o que, como ele terá tempo para verificar, só lhe trará dissabores. Dito isto, e sem qualquer pretensão «amiguista» que não cultivo em lado algum, apraz-me registar a coincidência de datas. É que hoje comemora-se o «dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas». Desta vez é em Santarém. Oficia António Barreto que substituiu o recém desaparecido Bénard da Costa nas funções de «mestre de cerimónias». O regime do Doutor Salazar aproveitava o dia para, na Praça do Império, condecorar os órfãos e as viúvas dos "heróis" ultramarinos e meia dúzia de sobreviventes estropiados. A democracia continuou neste registo - se bem que de uma outra forma, já sem órfãos, viúvas mas com uma nova “categoria” socio-política, os deficientes das forças armadas -, isto é, com o mesmo patético propósito de celebrar essa mítica entidade denominada Portugal. Aquilo que, em Salazar, consistia no reforço do regime no seu "núcleo duro" ideológico - a defesa do "Ultramar" -, transformou-se, com o regime instaurado pelo 25 de Abril, na mais confrangedora banalização da "distinção" através de veneras e de condecorações atribuídas a torto e a direito. Praticamente já não sobra ninguém para condecorar. A elite oficial satisfaz-se onanisticamente nestas comemorações anuais que nada dizem ao país "real" e em que, geralmente, as "comunidades" e Camões ficam discretamente de fora. O que é que existe, na sociedade e no regime portugueses, digno de ser comemorado ou celebrado? Fora o sol, o mar, alguns petiscos, umas vagas linhas de alguns "escritores" e "ensaístas", a beleza de alguns corpos e rostos, resta pouca coisa. A paisagem física foi praticamente devastada pela estupidez e pela concupiscência. E o "retrato" humano e social é de uma endémica e irrevogável pobreza franciscana onde pontificou, desde sempre, a barbárie da ignorância. Em suma, o "dia de Portugal" serve apenas para celebrar o enorme embuste que é a nossa verdadeira realidade. Uma realidade que se traduz na mesma "austera, apagada e vil tristeza" cantada no século XVI por Camões, afinal o maior esquecido no dia que é dele.
 
 
 

Temos de registar que a decrepitude do jovem Regime de 35 anos fulmina de irrelevância as celebrações do dia 10 de Junho. Talvez porque os mesmos capturaram para os mesmos as suas boas razões onanísticas de celebração. Nada a esperar de um egoísmo tão clamoroso.

Fora isso, o Tiago está de parabéns.
PALAVROSSAVRVS REX a 13 de Junho de 2009 às 15:05

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