A máfia da blogosfera
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Jun 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 01:46link do post | comentar

Anda uma Europa inteira com as pernas cheias de tremideira por causa do Partido Pirata sueco. Sim, temos no Parlamento Europeu gente que defende o fim dos direitos de autor, a liberalização total das trocas de ficheiros através da Internet, gente que saiu de um partido que nasceu com a prisão de malta parecida. Isto é tudo verdade. Mas trata-se simplesmente do jogo da democracia. Aliás, é extremamente interessante ver o outro lado da demagogia dos partidos. Se é certo que este partido, que é uma brincadeira, sublinhe-se, defende o fim da propriedade intelectual, outros, há muitos anos no Parlamento Europeu, defendem o fim da propriedade privada, de todo e qualquer tipo. Mostrar estes medos, estas preocupações, apenas alimenta estes monstros demagógicos. A argumentação é tão básica, tão falaciosa que qualquer ser pensante com as faculdades mentais mínimas consegue desmontá-las se assim lhe aprouver. Neste Parlamento Europeu não são os piratas da rede os mais preocupantes. De todo.

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Primeiro Aniversário: É já amanhã!

Até nem me parece que anda muita gente preocupada com os resultados do "Partido Pirata" (nem que muita gente sequer tenha reparado nisso, diga-se de passagem).

Mas até havia uma lógica nalgumas pessoas se assustarem mais com o PP do que com os comunistas ou com a extrema-esquerda: uma elevada votação dos "piratas" pode incentivar mais pessoas a partilharem ficheiros na net; a probabilidade de uma elevada votação nos comunistas ou na extrema-esquerda incentivar mais ocupações de empresas existe mas não me parece que seja significativa.
Miguel Madeira a 9 de Junho de 2009 às 10:16

Miguel, para a quantidade de deputados que eles elegeram, a cobertura mediática foi completamente desproporcional! Isso só demonstra que, das duas uma, ou há manifesto medo que eles cresçam ou então, explicação mais simples, é apenas um sério caso de admiração. O tempo o dirá.

A atenção dos media tem mais que ver com o pitoresco do nome e do propósito.
Mas discordo que seja uma falácia assim tão grande.

Porque é que os governos devem proteger indefinidamente os interesses de uns poucos, nomeadamente quando nenhum deles é já o criador da obra? Sabe que "Parabéns a você" está protegido por copyrights?

Li o programa do partido dos piratas, e faz muito mais sentido do que pensa.
Eles não defendem o fim da propriedade intelectual, apenas limites muito menores para esta: 5 anos.
O que não faz sentido é que o prazo seja alargado sempre que o rato Mickey vai prescrever.

Também têm um plano para a questão da industria farmacêutica que não li. Suspeito que poderá ter algo em comum com o proposto pelo economista Dean Baker, mas não posso garantir.

l.rodrigues a 9 de Junho de 2009 às 18:00

É assim, objectivamente não existe nada de absoluto no direito à propriedade. A propriedade faz parte do tipo de organização social que escolhemos e nós escolhemos ter propriedade privada no nosso país e a Europa também. E se escolhemos essa via é porque vemos sérios benefícios nisso. Olho para a propriedade intelectual como para a propriedade material, comum. Se eu tenho um terreno, mas não o registo como meu, todos têm o direito de o usar. Se eu concebo uma ideia e não a registo como minha, todos têm o direito de a usar. Se por acaso eu registar tanto o terreno como a ideia como meus, vejo todo o sentido em que sejam meus, ponto final. É importante que a sociedade reconheça isso, tal como é importante que a sociedade reconheça a propriedade privada - por motivos diferentes, bem sabido. A propriedade intelectual permite que haja uma constante inovação, criação e recriação. Se não houver direito à propriedade intelectual, o Luís pode pegar num texto meu, assiná-lo e dizer que é seu. Pessoalmente acho injusto, é um roubo como outro qualquer.
Suavizar questões ligadas à propriedade intelectual é como dizer que agora a propriedade sobre uma casa é algo de transitório.

Julgo sinceramente que a propriedade intelectual é de extrema importância e tem de ser preservada.

O Parabéns a você está protegido? Isso apenas significa que eu não posso dizer que o inventei. O Mona Lisa também está protegido...

"A propriedade intelectual permite que haja uma constante inovação, criação e recriação."

A questão são as fronteiras em que o proteccionismo dos governos impede que essa inovação criação e recriação se manifestem.

E quando falamos do registo de patentes de sequências genéticas encontradas na natureza então, estamos no reino da abominação. E no entanto faz-se.

Eu não sei pormenores sobre a questão das patentes. Se calhar há mesmo algumas alterações necessárias. Se o que diz é verdade, e há gente a patentear descobertas na natureza, então isso é tonto. Mas, por outro lado, acho que deve ser mantido o direito sobre aquilo que é criado: música, cinema, livros... até blogues!

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