Agora que as urnas estão fechadas e que acabou o forrobodó pré-eleitoral, é tempo de fazer um balanço sobre estas semanas que passaram. Se calhar é inútil, já lá vai, mas não importa. Não fossem as inutilidades e frivolidades e que aborrecido que tudo isto seria.
A campanha eleitoral foi má, manifestamente má. E não o digo apenas porque fica bem dizê-lo. Se é certo que era absurdo discutir apenas Europa e nada de Portugal, o inverso era ainda mais estúpido. Foi ainda mais estúpido. E as próprias aparições e debates foram ridículos. Salganhadas tamanhas no Prós e Contras, uma gritaria descomunal, ruído que não deixava ouvir, o supérfluo a dominar sobre o essencial. Não se discutiram leis europeias, como a directiva do retorno, as hiper-regulamentações sobre os produtos agrícolas, as políticas comuns, o orçamento comunitário. Ficou tudo por dizer, todas as posições ficaram omissas. Falou-se dos off shores por causa da crise, que se estivessemos em período de properidade, nem isso. Pessoalizou-se o debate: porrada no primeiro de Maio, encostos ao BPN, debates rasteiros, rasteirinhos. E lá fora não foi diferente, com invasões a propriedades privadas e publicação de cenas da intimidade de cada um.
Ouvi no outro dia alguém dizer que esta foi uma campanha europeia como são as campanhas europeias. Se calhar é verdade. Se calhar queremos tanto ou tão pouco a nós próprios e ao nosso destino que nos prestamos a discutir a cor dos olhos do candidato ou simplesmente a fugir e deixar que os outros tratem do assunto. É pena. Já foi. E, infelizmente, este balanço não irá mudar nada.