O maior paradoxo destas eleições europeias é o facto de as grandes surpresas «positivas» virem de partidos que, na sua génese, são contra a integração europeia. Os movimentos nacionalistas estão em crescendo, cinquenta e tal anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, e muito podemos agradecer a Bruxelas e a Estrasburgo. Por toda essa Europa as intenções de voto vão aumentando para os neo-nazis, neo-fascistas, neo-nacionalistas, o que lhes quiserem chamar. O nome não interessa. O importante é que estão a mexer-se e a crescer. Na Áustria a situação é francamente preocupante, mas também na Holanda o movimento nacionalista obteve uma grande vitória nestas eleições, assumindo-se como segunda, repito, segunda força política, ficando apenas atrás do partido do governo. Mesmo em Portugal temos, pela primeira vez, uma lista de um partido nacionalista a concorrer - o tempo de antena de hoje tinha Jean-Marie le Penn a falar do grande ecrã.
A questão é simples: nos países ricos os movimentos queixam-se por terem de sustentar os países pobres; nos países pobres, dependentes dos fundos, estupidificados há décadas, os partidos queixam-se, pois a cara dependência tem a coroa diminuição da soberania. A Europa está a matar-se por dentro e temo honestamente que ao mais longo período de paz no velho continente se siga algo que não imaginamos nem nos nossos piores pesadelos.