A máfia da blogosfera
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Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 18:14link do post | comentar

Uma coisa que não se pode fazer é subverter tanto o que foram os ideais da Revolução Francesa. Tal como é dito no texto que publicitei num post anterior, actualmente, os revolucionários que na altura se sentaram no lado esquerdo da câmara seriam considerados gente de direita, liberais, neoliberais e coisas semelhantes. Como tal, Carlos, não é factualmente correcto utilizar a Fraternidade e Igualdade para que se justifique o Estado Social porque ambos sabemos que a fraternidade não tinha, à data, nada que ver com imposições estatais: os cidadãos franceses deveriam ser fraternos, mas a lei não obrigava a que o fossem, e que a igualdade significava apenas a vontade de dar a todos os mesmos direitos legais que as classes protegidas tinham. Curiosamente, dois séculos depois, houve uma pequena inversão. Coisa para mais tarde.

Feito o esclarecimento. O Carlos responde a ética com eficiência. Diz que compreende a importância do voluntarismo na solidariedade (uma pergunta, leitores: uma ajuda imposta, tal como um casamento forçado, tem algum valor?), no entanto, como a intervenção através do Estado, através da obrigação, é mais segura porque nunca faltará dinheiro, defende-a. Isto é verdade. Mas tanto subverte o princípio da fraternidade como é um verdadeiro atentado ao direito de propriedade. Afinal, há ou não o direito ao sucesso? O Carlos diz ainda que se deve tratar de forma igual o que é igual e de forma diferente o que é diferente. Enfim, isto é muito, muito questionável. Os pretos eram diferentes dos brancos e por isso eram escravos. Mais, pegando até nesta questão da genética, há quem sustente que os jovens com "maus genes" - por serem diferentes - devem ser afastados dos sistemas de ensino estatais por serem uma fonte de desperdício. Defendo que perante a lei todos temos de ser iguais, ponto.

E, Carlos, eu acho que é da forma como Barack Obama subiu na vida que se deve subir. Aliás, não sei se me incluis nessa direita europeia (eu não me incluo), mas vejo-o como um ícone, uma referência nesse campo. Quanto às ideias políticas é que pode haver, aqui e acolá, algumas diferenças. Não misturo as coisas.


Tiago,

Obrigado pela resposta. O ponto sobre os direitos de propriedade serem violados parece-me questionáve. A isso dei agora resposta no meu estaminé, num post sobre investimento público e subsídios de desemprego que visa um debate que não foste tu a levantar. Mas um dos argumentos que debato acaba por me levar a citar o teu texto e questionar a legitimidade, na óptica dos direitos de propriedade, da tributação associada ao assistencialismo social.
Este Domingo, porque já são boas horas de ir dormir!, responderei especificamente à questão interessante que levantas sobre tratar de modo diferente o que é diferente.
E, asseguro-te, não era minimamente a ti que me referia no caso do Obama. Sem te querer levar para conflitos a que não pertences, referia-se a espaços onde há pelos menos 3 posts por dia, em média a criticar o Obama, que me levam a suspeitar não ter sido bem digerida a vitória dele. Bolas, alguma coisa de bom o homem há-de ter feito?!
Mas, honestamente, nunca te tomei por Obamaníaco ou anti-Obamaníaco fanático.
Carlos
Carlos Santos a 31 de Maio de 2009 às 05:05

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