A máfia da blogosfera
25
Mai 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 20:47link do post | comentar

Tenho dedicado algum tempo à União Europeia: àquilo que lhe aponto como falhas e àquilo que lhe aponto como coisas boas. Chega a altura de explicitar qual o modelo que defendo. O modelo que pessoalmente defendo é pior para o meu país num curto/médio prazo, estou já a advertir. Defendo um modelo semelhante ao da já quase extinta EFTA ou da NAFTA. Estes dois sistemas consistem apenas e tão-só em acordos entre os países para o levantamento de barreiras ao comércio entre si. Não há pautas aduaneiras fixadas para o exterior, não há políticas comuns, não há interferência de uns países na gestão dos outros países, nada disso. Simplesmente funcionam como um mercado único, onde não há qualquer tipo de barreira ao comércio. Portugal já fez parte da EFTA: entrou em 1961, quando Salazar ainda governava - não pôde entrar para a UE por não ser uma democracia. É verdade que não havia propriamente dinheiro a cair do céu, feito maná, para construir pontes e estradas. Mas é também verdade que um modelo como esse é muito benéfico para a economia: submete o país à concorrência de agentes estrangeiros, o que estimula uma melhoria do tecido empresarial português, mas não submete o país às decisões políticas de outros países. Há uma verdadeira gestão democrática - já repararam que a grande maioria da nossa legislação vem de um parlamento no qual em mais de 700 deputados apenas 22 são portugueses? - e muito, muito saudável para o crescimento económico, sem injecções artificiais tantas vezes mandadas ao lixo. Olhe-se para a NAFTA e veja-se o que por lá se vai criando.

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Sou favorável à livre circulação de pessoas e bens. Defendo também um conjunto de regras aceites por todos, por forma a que exista concorrência sem subterfúgios proteccionistas. Aceito inclusivamente uma moeda única, e Tribunais comuns para questões económicas, única forma de resolver diferendos, a partir daqui mantenho uma autonomia política dos Estados. Sou céptico em relação ao aprofundamento da U.E ., respeito naturalmente opiniões diferentes, mas considero sobretudo intolerável decisões de transferência de soberania, tomadas nas costas dos cidadãos.
António de Almeida a 25 de Maio de 2009 às 21:36

Caro Tiago:

Uma associação de comércio livre não cria um mercado único.

A ideia de que o país está submetido às decisões políticas de outros países na UE é falsa. Está submetido às decisões das instituições comunitárias. E lembro que a distribuição de assentos no PE favorece os estados pequenos.

Nenhuma legislação "vem do Parlamento", que não tem reserva de competência legislativa nem iniciativa. A Comissão tem iniciativa, e é composta por um membro por Estado, acordado com o Governo respectivo. O PE aprova legislação em conjunto com o Conselho, composto por ministros (cada ministro tem um ténue mas existente poder de veto).

Mesmo que assim não fosse (e se houvesse um parlamento federal com iniciativa, como eu defendo) fazendo uma analogia, eu também não gosto muito que o meu distrito tenha só 10 (julgo) deputados em 230..

Cumprimentos
Maverick47 a 25 de Maio de 2009 às 21:49

Maverick,

Eu sei que as etapas da integração económica têm todas as definições muito bem estabelecidas, a referência a mercado único era apenas para se compreender a questão.

Não a ideia não é falsa. Eu sei que os Estados pequenos são favorecidos, mas ainda assim, há uma ingerência enorme por parte dos restantes Estados em assuntos internos de cada país.

O Parlamento não tem competência de iniciativa, no entanto, é o órgão que aprova as directivas propostas pela Comissão.

Quanto ao argumento final, respondo-lhe com outra pergunta: o Maverick não gosta muito que o seu distrito só tenha 10 deputados em 130, mas como isso acontece, vamos generalizar para tudo!
A argumentação tem essa falha, mas não é a única: enquando que o seu distrito faz parte do país Portgual, Portugal não faz parte do 'país' UE.

Já agora, posso dizer-lhe que defendo que a decisão deve ser o mais descentralizada possível, a fim de caminharmos para uma democracia cada vez mais directa e menos representativa. Quem sabe criar em cada cidade um Estado como na civilização que nos serviu de berço...

Compreendo que fale na ingerência no sentido de influenciar informalmente a actuação da Comissão ou as directrizes emanadas dos Conselhos Europeus.. Coisa que só o federalismo pode resolver =)

Quanto ao argumento da representação, julgo que é válido porque demonstra como essa sua preocupação se pode convolar facilmente num ataque a qualquer princípio de representação.. E parece-me que o Tiago se insurge justamente contra o que lhe parece ser uma "paisificação" da UE..

Não se esqueça do que aconteceu às cidades-estado gregas...

Cumprimentos,

Pedro



Maverick47 a 27 de Maio de 2009 às 20:57

Até agora não senti nenhum à soberania portuguesa, ma compreende-se estas reservas.
Daniel João Santos a 25 de Maio de 2009 às 21:59

Correcção:

Até agora não senti nenhum ataque à soberania portuguesas, mas compreendo as reservas.
Daniel João Santos a 25 de Maio de 2009 às 22:00

Não se trata de um ataque à soberania, até porque sou muito contra a ideia de nacionalismos e tal. Trata-se simplesmente de afastar demasiado a decisão dos alvos das mesmas. A democracia deve ser o mais directa possível...

A UE ou caminha para uma federação, ou ficará para sempre como uma anedota!
manuel gouveia a 25 de Maio de 2009 às 22:07

A UE é uma anedota em que aspecto? Por não poder declarar guerra a ninguém? Por não impor a sua vontade aos outros países como os EUA tantas vezes fazem? Não entendo...

Bem no que diz respeito às guerras, quando se trata da África Francófona, a França tem sempre intervido quando isso lhe convém... e a Espanha ia-se pegando com Marrocos por causa de uma rocha.

Ou seja, não existe nenhuma superioridade moral da Europa em relação aos EUA, o que existe mesmo é inimigos à nossa dimensão!

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