A opinião publicada na imprensa escrita é, regra geral, de muito fraca qualidade. Trivialidades, fait-divers, apostas, politiquices e saloiices muito nossas. Raramente encontramos um cronista que salte fora do habitual, que se aventure num registo que, não sendo do agrado de gregos e de troianos é de qualidade superior. Um exemplo excelente disto até agora era o António Lobo Antunes na Visão: crónicas de uma beleza quase inigualável, textos que considero melhores do que aqueles que encontro nos seus livros. Imperdível sempre que compro a revista. Outro excelente cronista parece ser João Carlos Espada. Alheando-se dos temas de todos, sobre os quais todos dizem o mesmo porque muito pouco há a dizer, resolveu escrever uma série de ensaios no jornal i. Ensaios de duas páginas, seriamente trabalhados e com a intenção nítida de poder trazer algum conhecimento extra, alguma reflexão nunca esperada. O mistério inglês e a corrente de ouro vai na segunda edição e é de uma qualidade francamente acima da média. Definitivamente, a não perder.