A substituição da discussão pública de ideias e propostas pela simples imagem é uma decisão que cabe a cada partido. Cabe. Mas há limites.
Julgo que os limites traçados, que se não o estão, deveriam; são os limites do mau-gosto e do sensacionalismo. O pathos, que tanto abomino. Se um partido, em vez de falar da taxa de desemprego, me mostrar um sem-abrigo num cartaz, considero que é mau-gosto. Do mesmo modo, considero que se um partido, em vez de falar do número de computadores que distribuiu, mostrar criancinhas felizes a mexer na coisa está a fazer uma campanha também ela de mau gosto.
E o pior de tudo isto é que basta um, um único, agente incorrer neste tipo de atitude, que traz benefícios inegáveis (a TVI também tem um elevado share), para que todos os outros façam o mesmo tipo de jogo. Acabamos por entrar numa espiral negativa, uma política da imagem, da sensação, do pathos, que tornará os destinatários, a prazo, completamente incapazes de discutir ideias. Tenho a sensação que é mesmo essa a intenção.