«Uma rede de supermercados decidiu que não venderá nas suas estantes o livro ‘A Casa dos Budas Ditosos’, de João Ubaldo Ribeiro (Prémio Camões do ano passado), explicitamente dedicado à luxúria.
Há uns anos, quando o livro teve a sua primeira edição, a cena foi a mesma e eu próprio protestei. É uma pena que os supermercados não o queiram nas suas estantes – obrigando os curiosos a ir a uma livraria, portanto – mas trata-se da liberdade de comércio.
Há muitos mais livros que os supermercados recusam vender, de Bruce Chatwin a Thomas Mann, de Luiz Pacheco a Tomás de Aquino. Não lhes convém comercialmente. Desta vez não lhes convém, digamos, ‘moralmente’. É um juízo arriscado mas legítimo. Não é todos os dias que uma empresa está disposta a perder dinheiro por motivos ‘morais’.»
Francisco José Viegas, no Correio da Manhã