Ontem à noite fui assistir ao fogo-de-artifício de Almada. Festa rija, todos os anos, ou não fosse a Câmara comunista, o que não tendo nada a ver, explica muita coisa. Ora este ano a celebração foi composta por actuações avulsas de gente desconhecida, a quem poderia chamar sem nome, não fosse o título servir para o que vou dizer mais em baixo, pela intervenção do vereador da Cultura, o grande, o magnífico, António Matos, cujo discurso foi uma amálgama de rockice e analfabetismo, pela intervenção da Presidente Maria Emília, que gritou chorosa que nos amava a todos e a quem eu respondi, o quê, não digo. E depois do passeio das figuraças veio o momento solene: Almada cantou o Grândola Vila Morena. É um momento que me faz arrepiar sempre, mas deixemos isto por agora, que os meus arrepios pouco interessarão aos estimados leitores. Cantada a Grândola, começou o fogo-de-artifício. Ó espectáculo mais extraordinário, começou com a Grândola Vila Morena como banda sonora. A marcha de fundo, a canção e a luz fizeram a noite. O pior foi quando a Grândola acabou e o fogo tinha de continuar. Para este problema, o DJ arranjou solução fácil: colocou na Praça da Liberdade as músicas It's All About Us, La Tortura, One Love, Baila Morena e acabou com um remix ranhoso que ninguém parecia conhecer nem tão-pouco gostar. Uma estupidez sem nome fazer do 25 de Abril e da sua celebração um Carnaval, uma mini-discoteca improvisada, aquilo.