A máfia da blogosfera
20
Abr 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 19:30link do post | comentar

Há leis tontas, absurdas, inimagináveis se o Parlamento fosse composto por gente com dois dedos de testa. Uma dessas leis é a da paridade. Não é maxismo, até porque não sou maxista. Sou contra esta lei pelo simples facto que esta impõe aos partidos que coloquem a eleição uma percentagem mínima de mulheres, mesmo que as mulheres não sejam as mais competentes, mesmo que isso possa colocar em causa os resultados dos partidos. É uma lei sexista e discriminadora. Lá por ser positiva, a discriminação não deixa de o ser.

No entanto, e como diziam os romanos, dura lex, sed lex - "a lei é dura, mas ainda assim é lei" e como tal tem de ser cumprida. É por isto ridículo, para não dizer pior, que Alberto João Jardim venha exigir que, caso sejam eleitas, duas candidatas do PSD renunciem ao cargo para que o seu escolhido vá para Estrasburgo, contornando assim a lei da paridade. Mais absurdo ainda é o facto de serem já públicas negociações nesse sentido.

Permitam-me apenas esticar um pouco mais o post para dizer que é igualmente ridículo que o PS venha pedir esclarecimentos ao PSD quando na sua lista figuram duas mulheres que são também candidatas a autarquias e tornaram público que optariam sempre pelos municípios em caso de ganharem nas duas eleições. Ética na política? Não, só moralismo portuguesinho.


O bailinho da Madeira em discurso directo, assumido, sem subterfúgios!
manuel gouveia a 20 de Abril de 2009 às 20:13

Olá!
Gostaria que visitassem o Blog Pet Cool.
http://petcool.blog.pt
E lembre-se...não abandone os animais, pois eles nunca lhe fariam o mesmo
Obrigado
Pet Cool a 20 de Abril de 2009 às 20:52

Parece o roto a criticar o nu...

Eu sempre pensei que este tipo de comportamentos são, como hei de dizer, anti-democráticos...

Agora quanto à lei

expões a tua opinião:

"Sou contra esta lei pelo simples facto que esta impõe aos partidos que coloquem a eleição uma percentagem mínima de mulheres, mesmo que as mulheres não sejam as mais competentes, mesmo que isso possa colocar em causa os resultados dos partidos. É uma lei sexista e discriminadora. Lá por ser positiva, a discriminação não deixa de o ser."

Eu sou a favor. No entanto gostava de saber uma coisa:

- não achas que existe uma discriminação no acesso das mulheres a cargos de poder (não falo das quotas obviamente)?

- E isso é um problema ou não?

Stran a 20 de Abril de 2009 às 22:39

Epá, na primeira frase o roto é o PS e o nu o PSD. Desculpa a introdução que agora me parece um pouco bruta...
Stran a 20 de Abril de 2009 às 22:40

Não acho que exista uma discriminação no acesso das mulheres a cargos de poder. A líder do PSD, um partido relativamente consevador, é isso mesmo: uma líder. Será sintomático de que esta discriminação já estará um pouco ultrapassada.

É um problema? Só se for para os partidos. E se os partidos querem abdicar de boas políticas por causa da discriminação sexual, é com eles. Melhor farão as boas políticas se criarem partidos novos. Ganhavam elas e ganhava a democracia.

E, para rematar, mesmo que tivessemos discriminação, não era com um decreto que ela ia acabar. Perante a lei, temos de ser todos iguais e, com esta lei, somos diferentes: homens e mulheres.

Não existindo uma discriminação como se explica que não exista uma distribuição de deputados que siga uma percentagem à demográfica?

"Será sintomático de que esta discriminação já estará um pouco ultrapassada."

Não, apenas significa que existe um bocadinho de maior abertura.

"E, para rematar, mesmo que tivessemos discriminação, não era com um decreto que ela ia acabar."

Ela não serve para "acabar" com a discriminação, serve apenas para dar um estimulo para que isso aconteça, visto que claramente a sociedade por si não foi capaz de o fazer. Não é a solução, mas um meio para que tal aconteça. Eu já fui contra, até ver que este é um problema que não se resolve por si.

"E se os partidos querem abdicar de boas políticas por causa da discriminação sexual, é com eles. Melhor farão as boas políticas se criarem partidos novos."

Mas paa serem boas politicas é preciso deixarem que elas cheguem a esse ponto, e é isso que esta lei poderá permitir. Uma vez atingindo esse patamar poderá se revogar a lei.

"Perante a lei, temos de ser todos iguais e, com esta lei, somos diferentes: homens e mulheres."

Eu não sei como está a lei escrita, mas se foi bem redigida continua a serem todos iguais. Basta que o texto seja algo do genero:

"por cada 3 deputados(as) tem de existir um de sexo oposto"


Stran a 20 de Abril de 2009 às 23:16

Explica-se com algo muito simples Stran: cultura.

Os avanços nos últimos anos foram extraordinários, mas tem de se dar algum tempo para que nos adaptemos às mudanças. Apesar da emancipação das mulheres, ainda está enraizado nas mentes que lhes cabe a elas cuidar da casa e dos filhos. Os comentários "pensas como um homem" ou "tens mais tomates que muitos homens" ainda saem, malandros, da boca dos mais velhos. E nenhuma lei mudará isso, é impossível.
É com as mulheres a provar que valem tanto como os homens que poderá mudar algo e não assim.

"Explica-se com algo muito simples Stran: cultura."

Mas... e se a cultura for uma cultura de descriminação? Aliás, é isso que descreve.

Não faz sentido dizer que não há descriminação, e depois, para suportar essa ideia, apontar uma série de factos culturais que configuram descriminação.

Eu sou dos que acham que as quotas são um mal necessário. Certas barreiras só se derrubam à força.
l.rodrigues a 21 de Abril de 2009 às 09:55

Ou seja uma cultura de discriminação que nós deixamos perpetuar.

"Os avanços nos últimos anos foram extraordinários..."

Eu não considero nada extraordinário. Olho para o tempo que sou vivo (que é apenas 30 anos) e nada de substancial mudou na cultura portuguesa.

E neste caso, ao contrário do que afirmas, eu não vejo o problema de homem vs mulher. O que eu vejo é que uma minoria da população tem uma actitude discriminatória (com todos os problemas que isso gera num ser humano) para com uma maioria. Sendo o poder detido pela minoria, deveremos criar condições para que isso se altere ou devemos assistir passivamente que algo aconteça?

Esta lei é o passar do passivo, para o activo. E isto não é um problema das "mulheres" e que elas é que devem de resolve-lo, isto é um problema da nossa sociedade.

"É com as mulheres a provar que valem tanto como os homens que poderá mudar algo e não assim."

Como é que provam se não lhes é permitido provar?
Stran a 21 de Abril de 2009 às 12:09

Respondendo ao L. Rodrigues e ao Stran,

A questão essencial é que, mesmo que tenhamos uma cultura que discrimina, e é provavel que tenhamos um pouco, não é com uma lei que discrimina que isso se vai resolver. A lei, a meu ver, tem de ser igual para todos e não pode incluir benefícios para alguns. É uma questão de princípio e julgo que nisto concordam comigo. Ora, uma lei como esta inclui uma protecção extra a um determinado tipo de pessoas, no caso, mulheres.

Caríssimos, a classe política portuguesa, na sua maioria, está acima dos quarenta anos: nasceram antes do 25 de Abril, numa época em que ainda eram poucas as mulheres que tinham sequer possibilidade de estudar. É óbvio que isso trouxe consequências até hoje. Eu que já sou de uma geração um pouco diferente, muito provavelmente, verei uma transição radical protagonizada exactamente pela minha geração.

Agora, volto a dizê-lo: sou por princípio contra uma lei que proteja ou que discrimine uma parte da população.
Tiago Moreira Ramalho a 21 de Abril de 2009 às 16:53

Ok, julgo que não há nada a apontar. No entanto lanço-te o desafio de me responderes quem é discriminado no seguinte texto:

""por cada 3 deputados(as) tem de existir um de sexo oposto""
Stran a 21 de Abril de 2009 às 17:50

Não há discriminação, há imposição na lei de algo que é da exclusiva responsabilidade dos eleitores. Não faz sentido um país fazer uma lei que possa colocar em causa as vontades dos cidadãos.

"...há imposição na lei de algo que é da exclusiva responsabilidade dos eleitores..."

Aresponsabilidade não é dos eleitores é dos partidos (são eles que fazem as listas).

Parece-me que uma regra destas é identica à do número de deputados da assembleia, ou melhor, do número de candidatos presentes nas listas.
Stran a 22 de Abril de 2009 às 00:32

Não não é, é completamente diferente.

É da exclusiva responsabilidade dos eleitores votar em quem quer que seja. Se acharem que deve haver mulheres, podem votar em listas que incluam mulheres, a ser isso argumento suficiente. Mais, podem mesmo fundar partidos!

Agora determinar qual a percentagem mínima de cada género no Parlamento é condicionar a liberdade de voto.

Ao estabelecermos um número de deputados, não beneficiamos ninguém com a lei: é para todos igual. Ao estabelecermos um número mínimo de mulheres, aumentando-o pela via legal, estamos a beneficiar uma parte.

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