A máfia da blogosfera
20
Abr 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 17:49link do post | comentar

O Carlos Santos, com o método habitual, respondeu ao meu post sobre o salário mínimo. Ultrapassando, por agora, a parte das ofensas, sinal de quem não estará muito convicto das suas ideias, e a parte dos atropelos à nossa amada sintaxe, vou tratar de responder.

O distinto Santos fez algo de extraordinário: pegou numa excepção para demonstrar uma teoria que se pretende geral e a excepção em que pegou foi do mais infeliz que pode haver. Nem parece seu este tipo de discurso falacioso, ai.

Basicamente, muito basicamente, a base, estou a repetir-me, não faz mal; argumentativa do Santos é que como há situações de monopólio em que o empregador dita as regras do jogo, a escolha não é verdadeiramente livre. Curiosamente, o Santos escreve, a determinada altura, que a população da terra, das duas uma, ou ia trabalhar para o monopolista ou para o campo, para a agricultura. E o Santos coloca esta situação como eterna: nada mudará. Não haverá cooperativas agrícolas rentáveis, não haverá mais industriais, os trabalhadores não serão empreendedores, nada. Uma distopia eterna: um capitalista malévolo, uma alternativa miserável. O mundo tal como ele é.

Percebe-se a falácia, ou é necessário ser mais óbvio? Ninguém nega que a abolição do salário mínimo traria alguns, senão mesmo muitos, problemas numa fase inicial. Mas, do mesmo modo, julgo que é lógico, do mais lógico que pode haver, que ao haver um estímulo negativo ao trabalho por conta de outrem haverá, no outro lado da balança, um estímulo positivo ao empreendedorismo.

Depois o Santos pega naquele que é o argumento interessante: o da heterogeneidade ao nível das formações profissionais. Sim, o trabalho não é homogéneo, no entanto, nada obsta a que um mesmo indivíduo possa ter competências diferentes. Se o Santos de um momento para o outro se visse num mundo em que ninguém o queria como professor, que mundo estranho seria esse, iria segurar-se com a sua distintíssima formação ou iria aprender outra qualquer coisa para que pudesse trabalhar? Parece-me óbvia a resposta. Aprender uma nova profissão demora tempo, é verdade. Mas há uma série de mecanismos de solidariedade social, e eu defendo que seja voluntária, o que não é o mesmo que ser contra a sua existência, que permitem ao indivíduo viver com dignidade, sem que seja imputada ao empregador toda a responsabilidade pelo facto de o mundo ser um lugar estranho. 

 

E já agora, Santos, como não me aceitaste o comentário no teu distintíssimo "O valor das ideias", vou colocá-lo aqui - já adivinhava que não o aceitasses, não foi a primeira vez - e a ver se percebes a mensagem:

 

Sr. Doutor,

Vamos lá ver se nos entendemos. Não me conheces de lado nenhum para fazeres um comentário como o que fizeste. Não me interessa nada dizê-lo, mas eu não peço a ninguém para me linkar, ao contrário de alguma malta que conheço cujo desporto preferido é chamar a atenção para o seu blogue em caixas de comentário completamente off-topic. Comentei o meu texto no insurgente porque lá fizeram respostas e achei que era importante ser EU a responder como seu "autor", como tu escreves.
Bom, deixa-me dizer-te que do alto da tua sapiência estás errado. Agora não estou em casa nem tenho tempo para fazer uma resposta, mas assim que tiver tempo faço-a.
Sabes, até és um tipo inteligente. Se não fosses aquilo que és na blogosfera podias ser bastante respeitado.
De qualquer forma, não voltes a insultar-me que eu também não te insultarei. Não te conheço, não te quero conhecer e quero distância de tipos como tu.

Até logo

P.S.: «blogue a sério»? Este? Não sabes o que é um blogue a sério.


Pois é.
O problema é que neste momento apenas os ideologos, como aparenta ser o autor deste blog (bem como o pessoal do insurgente, blasfémias e afins) falam dessa maneira.
Porque a outra malta, aquela que financiou os think tanks e triplicou as fortunas devido a politicas ultra liberais, esses foram logo apoiar-se nos respectivos estados assim que a porca torceu o rabo. Apoiar-se nos contribuintes que desde os anos 70 vêem a roubar.
Parecem mesmo os comunistas quando o muro caiu que diziam que o modelo falhou por não ser realmente comunismo.
De resto não tenho qualquer respeito por pessoas que se acham tão boas que estão acima de qualquer falha. Ou que, tendo nascido com a colherzinha de prata enfiada no rabo, ainda falam em mérito pessoal. Somos 7 biliões de seres humanos. Acham mesmo que um Bill Gates ou um Warren Buffet são o expoente máximo da humanidade?
Sérgio a 22 de Abril de 2009 às 08:15

Pareceu-me mais um desabafo que propriamente uma concordância ou discordância com o exposto.

Pessoalmente acho que as empresas não deviam ter sido salvas, asseguro-lhe. Mas também considero que um dos grandes responsáveis por tudo isto foi o Fed, ou melhor, o Greenspan, quando colocou as taxas de juro a 1%...

"...acho que as empresas não deviam ter sido salvas, asseguro-lhe..."

Então o que defendias?
Stran a 23 de Abril de 2009 às 19:02

É complicado dizer que defendia que as que deviam cair caíssem, porque, na verdade, tal queda teria sido impulsionada pela intervenção do Fed. Mas enfim, por princípio, considero que empresas que vão à falência não devem ser ajudadas pelos Estados pois isso cria uma situação de injustiça no mercado, dado que umas têm mais apoios que outras.

Ok, era só para entender a posição. É um principio que eu partilho, alías no inicio da crise era favorável que se deixasse cair todas, a dimensão de tal posição é que me fez recuar nesse aspecto.
Stran a 24 de Abril de 2009 às 01:16

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