Lembram-se de quando nos diziam que os cidadãos não tinham legitimidade para referendar os tratados, porque estes eram ‘muito complexos’? Agora, o primeiro-ministro acha que as eleições europeias devem servir para "falar da Europa" e não daquilo que os cidadãos ou os políticos entendem.
Está enganado: falar da Europa não é falar da Europa. O que é, para os europeus, a Europa? Será tudo, menos a geringonça palavrosa de Bruxelas e dos seus burocratas e especialistas – tudo gente necessária ao debate mas dispensável para a conservação da espécie. O que conta para cada europeu é o seu território, a sua casa, a escola dos seus filhos, a sua memória, os jardins da sua cidade, a facilidade ou a dificuldade de viver. Isso é a Europa. Dizer o que se pode ou não falar não é europeu.
Francisco José Viegas, no Correio da Manhã