O motivo que me leva a ser contra as off-shores é muito simples. Se uma empresa tem os proveitos de pertencer a um Estado, vendo-se protegida pela lei, justiça e segurança, qual é o fundamento para que lhe seja permitido não dar as contra-partidas?
A questão é verdadeiramente profunda a meu ver. Não me interessa para a análise as consequências práticas da existência de off-shores (as lavagens de dinheiro, por exemplo), interessa sim analisar o próprio princípio de um paraíso fiscal. Toda a lógica do funcionamento do Estado, o contrato social, assenta numa relação muito simples: o indivíduo tem proveitos e em troca tem de dar contra-partidas. Existe maior segurança, não se verificando o hobbesiano espectáculo de horror do Estado de Natureza, e essa segurança tem de ser paga, tem de ser financiada por alguém. Ora, se todos dela beneficiam, fará sentido que a alguns seja permitido não contribuir, usufruindo do mesmo modo? A menos que todos concordem em “oferecer” estes benefícios à pequena franja que neste momento não os paga, não. Parece-me mais que óbvio que nem todos estão dispostos a tal.
Na imagem: Gibraltar, um paraíso fiscal.