Se há coisa estranha nesta vida é este perturbador hábito, qual hábito, vício de blogar. O que no início começa como uma descoberta, ai que giro!, acaba por se tornar uma rotina. Ouvir as notícias da televisão, ler os jornais possíveis, cirandar pela blogosfera e, em menos de um ai formar uma opinião e estar preparado para a defender como se da nossa vida se tratasse. E não é só isto. O mais impressionante é que revelamo-nos, sem pudor, a desconhecidos. Sabem-nos, se quiserem. Compreenderem-nos, isso, já é outra coisa.
Mas a verdade é que é bom fazer este exercício. Discutir as nossas mais profundas convicções, tomar contacto com outras perspectivas e até, por vezes, criar quase-amizades, companheirismos. É bom, quase sempre. Quase sempre porque depois surge a outra face da moeda. Se da Internet podemos tirar muitos proveitos, dela virão, sem sombra para dúvidas, muitos dissabores. Gente que, também não nos conhecendo, faz questão de nos chamar aquilo de que se consegue lembrar. Gente que, e reforço que não nos conhecem, se diverte, será divertimento na certa, a mandar-nos abaixo. Estúpido. Idiota. Lambe-botas. Diminuido. Otário. Burro, mesmo. É tudo uma questão de originalidade.
Até agora tem sido positiva esta experiência, mas o prato dos contras começa a pesar e o ânimo já não é o mesmo. A ver vamos, a ver vamos.