Anda o país em alvoroço porque em terras algarvias se criou um código de vestuário numa Loja do Cidadão. Ai!, que as pobres coitadas não se podem vestir como querem. Ai!, o Salazar que ressuscitou, aproveitando a boleia. Ai!, as liberdades, os direitos e as garantias.
É tão bonito de se ver que são aqueles que mais atentam, lei após lei, contra as liberdades individuais, quem mais enche a boca com a bonita palavra quando dá jeito.
Na Loja do Cidadão não se cometeu atentado algum à liberdade individual. É perfeitamente legítimo que se criem dress codes nos locais de trabalho, porque o trabalho não é a vida íntima. Mais importantes se tornam estes códigos quando se trata de um trabalho de atendimento ao público. Seria admissível ter uma senhora de cinco ligas à nossa frente para fazermos o cartão único? Ou ter um indivíduo de boxer apertado para satisfazer os apetites das senhoras? Claro que não.
Na rua, por mim, até nus deveríamos poder andar. No emprego, principalmente se formos empregados, temos de respeitar as normas estabelecidas. Querem liberdade dessa? Saiam da repartição e vão para onde as minissaias, os decotes exagerados e os boxers apertados são bem recebidos.