Imaginemos três vizinhos, o Alberto e o Joaquim e o Manuel.
Um dia, fazem uma reunião e é votada uma proposta: retirar, todos os meses, metade do rendimento ao Alberto e distribuir a quantia pelos três de forma igual. O Alberto diz que não é justo, que trabalhou para ter o que tem e que aquilo é um roubo. Mais, eles não têm o direito a fazer isso se ele não concordar. O Manuel e o Joaquim dizem que como vive no bairro, tem de fazer o que a maioria do bairro decidir, e se a maioria do bairro votar a favor da proposta, ele tem de se sujeitar. A proposta é votada e o sim ganha. Foi a primeira.
Noutro dia, fazem outra reunião. Tem-se visto que o Joaquim tem andado a comer muitos bolos e que isso tem afectado negativamente a sua vida. Faz-se uma votação à seguinte proposta: proibir os vizinhos daquele bairro de comer bolos. O Joaquim diz que tem o direito de fazer o que quiser com a vida dele, mas os outros respondem novamente que ele tem de obedecer à maioria.
Depois, o Manuel adoece. Fica internado no hospital, em coma. O bairro reúne e tanto o Alberto como o Joaquim decidem que o melhor é acabar com a vida do Manuel. O Manuel nunca disse se queria que tomassem uma decisão daquelas naquela situação, mas a maioria tem de ganhar.
O bairro reserva-se o direito de decidir cada vez mais como é que cada um deve viver. A liberdade de cada um deixa de ter valor e apenas a vontade de todos importa.
Ainda bem que é tudo um exercício mental e isto não acontece na realidade, não é?