É um problema de saúde pública!
É este o argumento dos que defenderam, à esquerda e à direita, que se regulamentasse a quantidade de sal no pão. A partir de agora, os padeiros ficam obrigados a fazer um determinado tipo de pão, pois poderão sujeitar-se a penalizações caso metam sal a mais. Quando confrontados com o problema da liberdade restringida por esta lei, os seus defensores dizem: as pessoas podem pôr sal no pão em casa. Ai sim? Eu respondo que quem tem problemas de saúde pode comprar uma Bimby e fazer o seu pão insonso em casa. Em que ficamos?
Que tivesse saído uma lei que obrigasse a que os padeiros esclarecessem quanto à "composição do pão" (inúmeros produtos têm isso a que se chama "rótulo") eu seria o primeiro a apoiar, a bem da transparência: é preciso saber o que se está a comprar. Isto seria bastante salutar para o mercado, até. Mas não, o que o Estado paternalista fez foi partir do pressuposto que todos temos problemas de saúde relacionados com o excesso de sal e regular o máximo de sal que cada pãozinho pode ter. A seguir, os cardiologistas que apoiaram esta lei, vão dizer que os bolos têm demasiado açúcar. Depois vão-nos dizer que compramos demasiada carne. No limite, teríamos uma dieta toda ela composta por alimentos que o Estado julga serem benéficos para nós. E a responsabilidade individual vai-se, a bem da promoção da saúde pública.
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