O debate parlamentar que houve sobre o aprofundamento ou não das Uniões de Facto não teria sido uma tarde perdida, caso não se partisse de um princípio por si só errado.
Tenho a confessar que esta ideia não é "original", aliás, surgiu em conversa de amigos e acabei por concordar.
A União de Facto tal como temos em Portugal consiste, simplesmente, em receber os benefícios do contrato do casamento sem dar contra-partidas, sem assumir os deveres. Um casal que viva em União de Facto vive numa situação em que não assumiu qualquer compromisso sério, em que não prometeu fidelidade ou qualquer outra coisa e, ainda assim, tem praticamente os mesmos direitos que um casal casado, perdoe-se-me a redundância, tirando os direitos sucessórios. Como é que se pode dar estatuto de viuvez a uma pessoa que viu o seu "acompanhante" falecer? Não é coerente que se dê àqueles que assumem compromissos e acordam deveres os mesmos direitos que àqueles que simplesmente não assumem nada e procuram apenas os benefícios.
É a lei do facilitismo que algumas forças em Portugal insistem em defender e assumir como verdadeira. É a lei do facilitismo que, mais tarde ou mais cedo, nos levará ao colapso.