A máfia da blogosfera
26
Fev 09
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 20:50link do post | comentar

Há algum tempo que estou em crer que a grande causa, apesar de parecer paradoxal, para o empobrecimento generalizado da população e enriquecimento de apenas uma pequena franja se deve à protecção do emprego, por um lado, e aos obstáculos à criação de empresas por outro. Passo a explicar. Quando um indivíduo chega à idade adulta, tem de optar entre trabalhar por conta de outrém ou trabalhar por conta própria. Obviamente, antes de fazer esta opção, vai considerar os prós e os contras de cada uma. A maioria dos jovem-adultos chegam à conclusão que é preferível trabalhar por conta de outrém numa fase inicial devido à falta de experiência. No entanto, quando a falta de experiência deixa de ser um problema, seria de acreditar que o profissional se fizesse à estrada e criasse o seu próprio negócio, em vez de apodrecer nos quadros de uma empresa alheia. Não acontece.

Na maioria dos casos, um indivíduo que entra, por exemplo, para os quadros de uma empresa permanece aí para o resto da sua vida activa, não tendo qualquer ambição de ter um negócio seu, onde certamente ganharia mais, pois não haveria nenhuma parte do rendimento do seu trabalho que fosse para os donos da empresa/accionistas. É interessante perguntar: porque é que isto acontece? Penso que a resposta é óbvia: não é vantajoso. Olhando para os prós e contras de um quadro de uma empresa abrir a sua própria empresa, veremos que os contras suplantam por completo os prós. Ora vejamos: um quadro de uma empresa tem o seu emprego seguro (a única coisa que o fará perder o emprego será ou a falência da empresa ou uma situação de extrema falta de competência), abrir uma empresa envolve um trabalho burocrático complicado e dispendioso, há o factor risco e ainda a necessidade de capital para investir. No lado dos prós, o único motivo que poderia levar um bom trabalhador a abrir uma empresa seria a possibilidade de auferir mais rendimento pois, por um lado, é o único beneficiário do seu trabalho (numa empresa, uma parte do nosso rendimento vai para o gerente) e, por outro lado, poderá ainda ganhar partes dos rendimentos dos seus empregados, que têm de dar alguma coisa em troca da segurança conferida pelo trabalho por conta de outrém.

Agora, olhemos para os contras a abrir uma empresa. Dos quatro factores enunciados, apenas dois decorrem naturalmente da abertura de um negócio: o risco e a necessidade de capital. Os outros dois: segurança no trabalho por conta de outrém e o trabalho burocrático são obstáculos criados pelo Estado, que podem ser comprovados aqui.

Para já, neste post, não vou avançar mais. No próximo explicarei as consequências disto.


dada actual situação, se antes era difícil fazer-se algo por conta própria, hoje a coisa tá pior.

Diga-se que seria a minha realização pessoal trabalhar para mim.
Daniel João Santos a 26 de Fevereiro de 2009 às 21:27

Precisamente, é a de muita gente. Mas pensa nos motivos que te levam a não o fazer e vê se não coincidem com os que enunciei...

Abraço

nem mais.

Agora imagina que, para trabalhares por conta própria, não tinhas de preencher 10 quilos de papéis, não tinhas de pagar umas 700 licenças e que o teu emprego estava em risco.

Imagina agora um trabalhador fabril, que ganha o ordenado mínimo (uma mentira, como vou explicar num post a seguir) e que podia ganhar muito mais não fossem os obstáculos...

Era tudo tão diferente

Não me parece que abrir uma empresa seja algo assim tão difícil hoje em dia. Pelo menos já é muito mais fácil do que há meia dúzia de anos. Se calhar o pior é mesmo mante-la...
kruzeskanhoto a 26 de Fevereiro de 2009 às 23:16

Nisso tem razão, é mais fácil que antes abrir uma empresa. Mas ainda continuam a subsistir as barreiras que conhecemos (olhe as farmácias, por exemplo) e as burocracias tipo licenças para tudo e mais alguma coisa numa série de estabelecimentos. Fábricas? Ui!

A coisa está mais fácil (e se calhar por esse motivo há cada vez mais a onda do empreendedorismo), mas continua tudo muito descompensado: um prejudicado demais, outro beneficiado demais.

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