O debate parlamentar está a deteriorar-se a olhos vistos. A suposta argumentação é apenas uma extensão da propaganda política e da luta partidária por mais votos, menos votos. Veja-se o debate de hoje: sem uma linha de orientação decente, sem a discussão de um assunto verdadeiramente sério e importante para a realidade nacional, apenas com um lavar de roupa suja e um diz-que-disse, no mínimo, desnecessário. O pedido de esclarecimento sobre o "alegado" - como diz o Carlos Nunes Lopes - estudo da OCDE foi extremamente pertinente, mas de repente, como é hábito, a discussão descambou: não se ouviu a assunção da mentira por parte do Primeiro Ministro que passou o tempo a ler o panegírico prefácio. Depois veio o PS falar, coisa que acho inútil, porque José Sócrates já fala pelos cotovelos para dizer o mesmo. Deve ter sido Providência Divina, caso exista, a roubar a voz à deputada que estava há quase 20 minutos a lamber-botas, que as listas estão aí estão a ser feitas. Francisco Louçã levantou, e bem, a questão das ilegalidades associadas às off-shores, lamentável foi a resposta de José Sócrates, que dizia que não podíamos tratar das nossas enquanto os outros não tratassem das deles: a cauda da Europa. Uma espécie de deputado dos Verdes falou dos 150 mil postos de trabalho, questão que até eu acho absurda. Por muito paradoxal que possa parecer, tirando a questão do "alegado" estudo da OCDE, nada foi debatido no "debate quinzenal" (com aspas mesmo).