No Portugal Contemporâneo o Pedro Arroja escreveu um post que também em mim despertou uma pequena reflexão.
A ideia de que o exemplo tem de vir de cima, tantas vezes repetida, é bastante ambígua: tanto pode dar-nos conta de uma sociedade autocrática ou de uma democracia em que o povo tem uma forte consciência moral.
Numa sociedade autocrática o povo esperará que o seu líder lhe diga o que fazer, o que é certo e o que é errado, abdicando da sua capacidade de reflectir acerca da sua conduta moral: o servilismo no seu estado puro, encontrado, por exemplo, na religião.
Por outro lado, numa sociedade democrática, o "exemplo vem de cima" no sentido em que quem está em cima deve ser exemplar, caso contrário, não é merecedor de liderar - a América é um exemplo muito bom disto: se há escândalo, há demissão. Caso quem está em cima não seja exemplar, o povo que o escolheu sente-se defraudado e vê-se no dever de remediar o mal feito, escolhendo alguém melhor.
Felizmente, ainda vejo em Portugal uma sociedade democrática. Acredito que não o seja tanto como outras, mas é realmente bom ver que ainda nos chocamos com casos de corrupção como o que se avizinha: em vez de seguirmos o mau exemplo, ainda nos preocupamos em procurar um exemplo melhor.