Paulo Pedroso decidiu abandonar o Parlamento para se candidatar a uma autarquia. Isso não traria problema algum, não se desse o facto de a autarquia escolhida ser a de Almada. A derrota é um dado adquirido, por um conjunto de razões.
Em primeiro lugar, Almada é, desde 1974, "território comunista". Trinta e cinco anos de gestão autárquica comunista, sem oposição digna desse nome, levaram a uma Almada que se pensa muito desenvolvida à conta das duas lideranças que teve (sim, Almada em trinta e cinco anos só teve dois Presidentes da Câmara). Apesar de nunca ter feito nada substancial por Almada, o Partido Comunista é o único possível para a maioria da população.
Poder-se-ia pensar que com o afastamento de Maria Emília de Sousa o PCP-Almada ficaria fragilizado. Resolveu-se: durante este mandato o metro de Almada foi posto a funcionar, construiu-se mais uma biblioteca, renovou-se muito do centro da cidade, construiram-se mais dois complexos desportivos, para além das escolas. Há a enraizada ideia de que o PCP fez muito pelos almadenses (apesar de esse muito ter meia dúzia de anos).
Há ainda o problema inerente a Paulo Pedroso. É que vivemos num país no qual se é inocente até que se prove o contrário, mas a flôr-de-lis é carregada para sempre por aqueles sobre os quais recai qualquer das suspeitas, ainda para mais se for uma suspeita como a que persegue Paulo Pedroso há anos. "Se há fumo há fogo", é das frases mais repetidas nesta nossa praia, e se o povo desconfia, não há nada a fazer. Paulo Pedroso em Almada é um nado-morto.