Sou um cidadão alerta. Tenho esta irritante mania de identificar os males da nossa sociedade e de os coleccionar num caderninho comprado exclusivamente para esse efeito. Normalmente mando as reclamações para o "Nós por cá", por achar que os deputados não me dariam ouvidos. Mas com esta história, acho que posso tornar públicas algumas das minhas preocupações:
O café: tem demasiada cafeína que pode ser nefasta para a pessoa, por isso, deveria ser proíbida a bica e apenas deveria ser comercializado o descafeinado. E apenas um por dia, que mais é pior.
O queque: é um bolo que engana o consumidor, o consumidor olha para aquilo e pensa que não faz mal, vai-se ver e está carregadinho de gordura. Proponho a erradicação do queque das pastelarias do país.
Os livros do Miguel Sousa Tavares: são maus, é verdade. E os consumidores ao verem na capa que são muito vendidos acabam por cair no logro e gastam o seu dinheiro num produto de má qualidade. Reinvindico, por isso, que seja proibido editar mais livros do senhor.
Os sofás fofinhos: todos sabemos que fazem mal às costas e todos fingimos não querer saber. Os sofás fofinhos são um flagelo neste novo século, primeiro, porque são baratos, depois, são, regra geral, esteticamente apelativos, ou seja, enganam-nos com uma pinta que nem digo nada.
Os cotonetes: imensa gente usa mal o cotonete, não sabe que não pode enfiar muito lá para dentro. É seguramente um atentado à saúde pública, por isso, é retirá-los das prateleiras dos supermercados.
A Aspirina: ouvi no outro dia na rádio que é o medicamento que mais mata no mundo, e como temos o direito à vida, há que proibir a venda deste veneno autêntico. Maldito lobby dos farmacêuticos!
Os telemóveis: é público que emitem radiações extremamente prejudiciais à saúde humana. Nunca se perguntaram porque é que os visionários cubanos o proíbem?
Para já fico-me por aqui, mas acreditem que vou continuar alerta. Não posso compactuar neste atentado à liberdade de não ser enganado dos consumidores, todos temos o direito à protecção no consumo!
Nota: obviamente, estou a ser irónico, eu não defendo realmente isto. É apenas uma forma de "gozar" com o pão sem sal a que estamos obrigados a comer pelos nossos deputados.