Tenho por hábito respeitar todas as opiniões, mesmo quando delas discordo. Mas francamente que não percebo o Rodrigo Moita de Deus. Ele se calhar nem me vai ler e se me ler nem vai ligar ao que escrevo, mas porra! De onde é que o Sr. Rodrigo tirou a ideia de que os professores só se devem preocupar com o ensino e nunca com o seu umbigo? Fez uma afirmação semelhante no blogue sobre educação do PSD e volta a reforçar essa ideia de que o ensino é uma profissão para mártires que só falta irem descalços para as aulas. Os professores até podem preocupar-se imenso com o ensino (aliás, dúvido muito que alguns fossem para professores se não se preocupassem, com tanto emprego melhor cá fora), mas isto não significa abdicar dos direitos que lhes assistem. É óbvio que a manifestação não foi exclusivamente contra preencher papéis (que não é "só" preencher papéis, mas vamos deixar o Rodrigo nesta triste ilusão), foi contra um modelo de gestão das escolas pouco democrático, foi contra um estatuto do aluno que é do mais injusto e inútil que se pode ser, foi contra todo um estatuto da carreira docente que vem introduzir uma avaliação feita em maus moldes e que, ao contrário do que o Rodrigo pensa, não pode ser aplicada caso prejudique alguém. Esta é outra ideia muito gira: "prefiro que se faça uma coisa mal feita do que demorar a pensar numa coisa melhor". Basicamente é a reforma pela reforma. Nem toda a reforma é boa reforma caro Rodrigo. Concordo plenamente que tudo isto precisa "de uma grande volta", mas não é com reformas pensadas nos cinco minutos que demoramos a adormecer que as coisas melhoram. Se calhar era mesmo melhor esperar mais algum tempo e pensar num modelo melhor (como o que o Ricardo Arroja propõe, por exemplo) do que andar a fazer experimentações com a vida das pessoas!
P.S.: Gostaria só de dizer que não sou professor nem tenho nenhum familiar próximo professor, apenas acho que mesmo quem não é professor deve defender os professores quando se estão a cometer injustiças.