A máfia da blogosfera
26
Jul 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 11:51link do post | comentar

Com medo de repisar um assunto já tão debatido pela amiga televisão, pela menos amiga rádio e pelos compinchas blogues, vou falar do livro do Gonçalo Amaral.
O caso Maddie levou os portugueses a sentir de tudo um pouco. Havia aqueles que nas primeiras semanas vendiam pulseiras e aplaudiam os pais na rua. Havia aqueles que, nas tertúlias de café ou nas pausas do trabalho diziam com ar desconfiado que naqueles pais qualquer coisa cheirava mal. Havia a Fátima Lopes, guerreira das boas causas que todos os dias lembrava "a menina" nos seus programas. Havia um Portugal que na sua pequenez tinha espaço para todo o tipo de opiniões e sentenças. Mas, apesar de todo Portugal ter o seu parecer, tão comum à "raça" opinativa que é a lusitana, a última palavra ficava para as autoridades, o mesmo será dizer, para quem sabia. O problema é que quem se pensa saber, sabedoria tem pouca, e este alvoroço mundial, esta montanha, pariu um rato: o caso foi arquivado. Gáudio para os jornalistas e investigadores a recibos verdes que puderam ir vasculhar no que no segredo de justiça se encontrava para poderem alimentar telejornais de uma hora durante este tonto Verão. O pior é que numa época tonta, também as pessoas ficam tontas e rapidamente ultrapassam a barreira do razoável. Essa barreira é aquela que divide a simples opinião pessoal, pública, mas pouco, e a acusação improvada, vulgo, a calúnia.
Gonçalo Amaral teve oportunidade de resolver o caso, pobre dele que não o permitiu a incompetência. Mas o senhor não se ficou, ou vai ou racha, e decidiu publicar um livro com a sua tese de sempre, que até pode ser a mais certa de todas as que se fizeram, mas pela falta de provas fica reduzida a um crime. A questão é que tornar pública uma tese enquanto se dirige um caso ainda aberto é "investigação" , tornar pública uma tese incriminatória depois de dados inocentes todos os envolvidos é simplesmente parvoíce. É disso que temos excesso: parvos. Parvos que não sabem, a mal de muitos, o que é a liberdade de expressão.

Ah Tiago que hoje é que estamos de acordo a 100 por cento !...

PS - Belo texto. Pena não ter sido eu a escrever...
Al Kantara a 26 de Julho de 2008 às 16:50

Obrigado Al Kantara!
Tiago Moreira Ramalho a 26 de Julho de 2008 às 17:22

Tiago:

O problema é que eu não sei se "esta montanha, pariu um rato" ou se o caso, passadas que foram algumas horas, estava condenado a parir apenas um rato, para não vir a parir outra coisa.

Se alguém acha que as movimentações que existiram à volta deste caso, são normais, então ainda se arrisca a ter o seu nome no Guiness, como o maior dos ingénuos. A fazer fé naquilo que "saltou" para o conhecimento público, terá havido vários erros na condução da investigação, mas será injusto não reconhecer que foi feito muito “ruído” à volta dele, principalmente com a entrada em cena de personagens que não deveriam fazer parte do guião. Ruído que, segundo o próprio inspector, não condicionou mas inibiu. Curiosamente, inibir tem um significado ainda mais forte do que condicionar. Inibir é proibir, estorvar, impedir ou impossibilitar.
Uma coisa é certa: por mais inábil que o inspector possa ter sido, o que é certo é que os superiores, que o afastaram, ainda foram mais. O motivo terá sido por falar de mais. E quem o afastou?
Manuel Leão a 26 de Julho de 2008 às 20:17

Eu concordo consigo quando diz que tudo isto "cheira mal", a questão é que houve um ano inteiro para se econtrar o que estava podre e nem comunicação social nem autoridades conseguiram o que quer que seja. Não é agora, passado um ano, que quem dirigiu uma investigação falhada pode, assim, do nada, acusar quem foi declarado "not guilty". O que eu contesto neste livro não é o conteúdo (até porque não o conheço) é a forma como apareceu e o seu timing. Sejamos francos, Gonçalo Amaral não teria sido afastado se tivesse feito as coisas como deve ser...
Tiago Moreira Ramalho a 26 de Julho de 2008 às 23:47

Tudo o que se disser neste caso é vago. Atrevo-me, porém, a imaginar um choque de culturas. Os métodos práticos de investigação que se usam em Portugal talvez já não sejam aceitáveis na Europa dita "civilizada". O facto de alguns arguidos serem estrangeiros com alguma visibilidade social deve ter "inibido",o nosso pessoal de usar os procedimentos usuais neste caso. Ou talvez não.
Francisco a 27 de Julho de 2008 às 04:01

Afinal de contas, sendo verdade ou não, o homem tem o Direito a dizer o que quiser. Afinal de contas não passa de uma tese. Não há provas que a miuda esteja morta, tal como não há provas que tenha sido raptada.
Daniela Major a 27 de Julho de 2008 às 11:31

Perdoa-me que discorde Daniela, mas ainda não temos o direito de dizer aquilo que nos vai na cabeça quando isso envolve terceiros. Imagine que eu agora publicava uma "tese" em que te acusava de teres sido tu a matar a miuda, satisfação era coisa que não ias sentir...
Tiago Moreira Ramalho a 27 de Julho de 2008 às 11:46

Tiago:

Não concordo consigo quando diz que eles foram considerados não culpados (not guilty). Essa é uma decisão que só compete aos tribunais e o caso nem sequer lá chegou. A situação é a seguinte: O MP fechou o processo por entender que não havia condições para formular uma acusação, pelo menos por enquanto. Mas, em teoria, essa situação pode ser revista.
Manuel Leão a 27 de Julho de 2008 às 14:56

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