
Com medo de repisar um assunto já tão debatido pela amiga televisão, pela menos amiga rádio e pelos compinchas blogues, vou falar do livro do Gonçalo Amaral.
O caso Maddie levou os portugueses a sentir de tudo um pouco. Havia aqueles que nas primeiras semanas vendiam pulseiras e aplaudiam os pais na rua. Havia aqueles que, nas tertúlias de café ou nas pausas do trabalho diziam com ar desconfiado que naqueles pais qualquer coisa cheirava mal. Havia a Fátima Lopes, guerreira das boas causas que todos os dias lembrava "a menina" nos seus programas. Havia um Portugal que na sua pequenez tinha espaço para todo o tipo de opiniões e sentenças. Mas, apesar de todo Portugal ter o seu parecer, tão comum à "raça" opinativa que é a lusitana, a última palavra ficava para as autoridades, o mesmo será dizer, para quem sabia. O problema é que quem se pensa saber, sabedoria tem pouca, e este alvoroço mundial, esta montanha, pariu um rato: o caso foi arquivado. Gáudio para os jornalistas e investigadores a recibos verdes que puderam ir vasculhar no que no segredo de justiça se encontrava para poderem alimentar telejornais de uma hora durante este tonto Verão. O pior é que numa época tonta, também as pessoas ficam tontas e rapidamente ultrapassam a barreira do razoável. Essa barreira é aquela que divide a simples opinião pessoal, pública, mas pouco, e a acusação improvada, vulgo, a calúnia.
Gonçalo Amaral teve oportunidade de resolver o caso, pobre dele que não o permitiu a incompetência. Mas o senhor não se ficou, ou vai ou racha, e decidiu publicar um livro com a sua tese de sempre, que até pode ser a mais certa de todas as que se fizeram, mas pela falta de provas fica reduzida a um crime. A questão é que tornar pública uma tese enquanto se dirige um caso ainda aberto é "investigação" , tornar pública uma tese incriminatória depois de dados inocentes todos os envolvidos é simplesmente parvoíce. É disso que temos excesso: parvos. Parvos que não sabem, a mal de muitos, o que é a liberdade de expressão.