A máfia da blogosfera
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Jun 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 12:58link do post | comentar
Agora que tanto se fala do Tratado de Lisboa, pensei em ir ao baú da Europa, procurar quem teve a culpa da criação do maior bloco económico do mundo. Pelos vistos, a Europa é um bocadinho estranha, tem dois pais. Hoje vou falar apenas do pai francês Jean Monnet, para uma próxima ficará Robert Schumman.
 

Nascido em 1888, em França, o pequeno Jean Monnet estava destinado a trabalhar no negócio familiar de cognac. No entanto, desde muito novo mostrou aptidão para uma verdadeira carreira diplomática. Aos dezasseis anos foi para Inglaterra, aprender inglês. Aos dezoito, o pai envia-o para o estrangeiro, ao serviço do pequeno negócio familiar, nessa ida ao estrangeiro, o jovem Jean vai à Escandinávia, aos Estados Unidos, ao Egipto ao Canadá e à Rússia.

 
 

É em 1914 que começa o seu serviço à nação, não no plano militar, mas no plano diplomático. Ele propõe ao Presidente do Conselho que criar um plano de coordenação entre as nações aliadas. O plano é posto em prática e os Aliados vencem.

 

Devido ao seu contributo na resolução do conflito, Jean Monnet é convidado para integrar a Sociedade das Nações à data da sua fundação, em 1919. Ocupa o cargo até 1923, altura em que sai para se dedicar ao negócio familiar. Neste período ele ajuda a estabilizar a situação de vários países, nomeadamente na Europa Oriental.

 

Durante a Segunda Guerra Mundial, volta a destacar-se, propondo em 1940 a união total entre o Reino Unido e a França, a ideia veio tarde demais, a França já tinha sido anexada. Foi ele o responsável pela ajuda militar dos EUA à Europa em 1941, convencendo o presidente Roosevelt a fornecer o "arsenal das democracias". Segundo Keynes, esta entrada encurtou a guerra em cerca de um ano.

 
Depois do fim da guerra, as suas ideias de integração económica não cessaram. Em Alger profere o célebre discurso que dá início à ideia Europeia. Ficou célebre a sua frase: "fazer a Europa é fazer a paz". Em 1950, juntamente com Schumman, propõe uma alta autoridade que regule a produção do carvão e do aço, recursos essenciais para a reconstrução europeia. Assina-se em 1951 o Tratado de Paris que dá início à CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço), que contará no início com seis países: França, RFA, Itália, Luxemburgo, Bélgica e Holanda. Jean Monnet será o primeiro presidente da CECA.

 
Em 1955, Monnet quer ir mais longe e cria o Comité de Acção para os Estados Unidos da Europa, propondo que a Europa deverá, no futuro, unir-se ainda mais, criando um Mercado Comum, uma União Monetária, um Parlamento Europeu de sufrágio universal, uma Comissão Europeia e diz ainda que a Inglaterra deverá aderir. Até ao fim da sua vida, Jean Monnet teve a séria convicção que a única forma de os países europeus crescerem era através da integração económica.

No fim da sua vida dedica-se a escrever as suas memórias. Morre em 1979, sendo os seus restos mortais depositados no Panteão Nacional francês.

Gostaria de no fim deixar duas frases repetidas por Jean Monnet que são verdadeiramente inspiradoras:

"Je ne suis pas optimiste, je suis déterminé"

"Il y a deux catégories d'hommes : ceux qui veulent être quelqu'un et ceux qui veulent faire quelque chose"


Fonte: Associação Jean Monnet

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