
Partilho da opinião da economista quando diz que o problema da pobreza é um problema gravíssimo e que tem de ser combatido. Mas será que roubar aos ricos para distribuir pelos pobres é solução? Em que medida é que ter muito dinheiro constitui por si só um crime para que seja punido da forma como Manuela Silva defende? A questão é exactamente esta: não é crime nenhum! O facto de eu ter muito dinheiro não impossibilita ninguém de também ter, razão pela qual eu não devo ser penalizado por os outros não terem. Neste quadro, taxar desta forma quem cometeu o crime de ser rico é, simplesmente, roubar.
O problema de tudo isto é que estes economistas pensam sempre em resolver o problema depois de este já existir e estar enraízado. Querem acabar com os ricos pela força, chegando ao ponto de achar que pode ser definido por decreto quanto é que um gestor pode ganhar. Nunca ninguém pensou que se calhar este problema está nos fundamentos da economia e que só aí pode ser resolvido de forma duradoura.
É certo que temos poucas empresas de grande dimensão, as Micro, Pequenas e Médias Empresas, juntas, constituem cerca de 99% do tecido empresarial português, em número. Mas a existência de algumas empresas gigantes permite a criação de uma casta de gestores de luxo que ganham num mês o que um empregado ganha num ano. Se por mero acaso existisse um mercado de concorrência perfeita, imaginado pelas teorias liberais, nada disto aconteceria. Pensemos no caso dos bancos. Antes da febre das fusões de há uns anos não existiam assim tantos administradores assim tão ricos. Mais. Fala-se tanto das especulações bolsistas e do malvado Berardo cuja fortuna é feita com o suor dos outros. Se por acaso o mercado fosse atómico, isto é, se todas as empresas fossem de uma dimensão mínima, nem sequer se colocaria a questão das bolsas. E mais! Se o mercado fosse atómico, não existiriam crises de preços dada a facilidade na mobilidade dentro do mercado.
Muitos pseudo-intelectuais dizem que a situação actual é fruto de um capitalismo selvagem. Não. A situação actual é simplesmente fruto de uma indefinição ideológica, é fruto da maldita real politik, é fruto dos sistemas harmonizadores (a "social-democracia" que não é bem social-democracia), é fruto simplesmente de não vivermos, verdadeiramente, num mercado como aquele que quem o defende quer.
E agora para a economista Manuela Silva: fui ver ao Anuário Estatístico de 2006 e, em 2005 o salário médio em Portugal era 907,24€, pela endomentária que apresenta, não me parece que seja bem este o seu rendimento mensal. O seu patrão (aquele que vive no Vaticano) calça sapatos da Prada. Que tal serem os primeiros a aplicar aquilo que propõem?