A máfia da blogosfera
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Jul 08
publicado por Tiago Moreira Ramalho, às 15:36link do post | comentar

O incidente de pura guerrilha urbana que teve lugar em Loures há uns dias despoletou agora um protesto por parte da comunidade cigana do Bairro, que exige que lhes sejam dadas novas casas. Os senhores são razoáveis, dizem às autoridades que não é preciso ser aqui na região, pode ser numa outra qualquer região do país, o que eles não querem é voltar para Loures. Até lhes satisfazerem o pedido, eles irão permanecer nas imediações da Câmara Municipal de Loures, acampados em bancos de jardim e em colchões. Isto está a ir longe demais.

Por todo o país, mas principalmente nas Áreas Metropolitanas, têm-se construído habitações sociais sem fim, dezenas de milhar nos últimos anos. Estas casas são atribuídas a famílias de parcos recursos que vivem em condições inumanas e que, pelo princípio da solidariedade social, merecem casas decentes. Não sou contra a atribuição destas habitações, salvo duas excepções:

1. Quando os que as recebem não as merecem por terem actividades não declaradas como bancas em feiras, tráfico de armas ou de droga, trabalho doméstico, entre outros, que os fazem receber mais do que muitos que não recebem um chavo pela parte do solidário Estado português.

2. Quando a solidariedade passa a ser exigida. As pessoas confundem muitas vezes favores com direitos, pensam que como lhes é dada uma casa, isso significa que têm direito a tê-la, o que é, obviamente, errado. As casas são oferecidas àquelas pessoas para que não vivam mal, nada obriga os contribuintes a sustentar famílias que não sejam as suas.

Mas isto das habitações sociais abrange um sem número de coisas. Por exemplo, o Rendimento Social de Inserção (o antigo Rendimento Mínimo Garantido, criado por aquele brilhante estadista que foi o Guterres) é atribuído a imensas pessoas que dele não dependem: os feirantes, os traficantes ou as empregadas domésticas são exemplos. A Justiça Social acaba por se ver transformada na mais pura injustiça porque, por um lado aquelas pessoas não descontam para o IRS pelas actividades a que se dedicam e, ainda por cima, recebem dinheiro extra exactamente por não declararem quanto recebem.

Obviamente isto não é culpa de nenhum governo, seja ele socialista ou social-democrata, é culpa do poder local que, com medo de conflitos e de perder popularidade, fecha constantemente os olhos a estas situações, a bem dos votos. Uma grande saudação da minha parte ao Presidente da Câmara de Loures por não ceder a chantagens como aquelas de que está a ser alvo e o meu voto para que a sua posição não se altere com o desenrolar dos acontecimentos. Se a coisa der para o torto, já não são precisas casas, as cadeias ainda têm celas por preencher.
*Imagem retirada do Público

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