É o capitalismo da cultura... :(
Acho que futuramente nessas editoras pertencentes ao grupo Leya só será publicado quem garantir grandes vendas... :|
"Como o grupo LeYa não se vai, de certeza, desmantelar, às editoras que restam, restam poucas soluções: declarar falêcia, entrar no LeYa ou criar um outro grupo de grande dimensão. Editoras como a Gradiva, a Temas e Debates, a Presença, a Livros do Brasil ou a Europa-América, grandes referências no mercado editorial português estão agora ameaçadas por causa do devaneio ganancioso de um homem e pela complacência inaceitável de uma autoridade. E assim será."
Porquê?!
Só porque o Tiago acha que sim?!!
Os leitores, que eu saiba, ainda são soberanos! Ou vamos ter aí um policia em cada esquina, a "obrigar-nos" a comprar livros da "Leya"?!
Por causa da "ganância" de um homem?!! Então, a versão do Tiago, é "probrezinhos, mas honrados"?!!
Que post mais lamentável...
Mário a 15 de Dezembro de 2008 às 17:55
Em primeiro lugar, caro Mário, obrigado pelo comentário. Em segundo lugar, perdoe-me se o ofendi tanto assim com a minha humilde opinião. E agora vamos às respostas.
Porquê?
É simples: é assim que funciona o mercado. O grupo LeYa terá agora capacidade para atrair escritores como nenhum outro: meios publicitários e até benefícios económicos maiores para quem escreve. Por isto, e como os autores não andam aqui para morrer à fome, sempre que tiverem duas propostas na mesa, vão aceitar a melhor. Os leitores, claro está, são soberanos, mas se os autores que os leitores lêem editarem na LeYa, o que vai acontecer é que os mesmos leitores vão, invariavelmente, comprar edições do gigante.
Não, a minha versão não é "pobrezinhos, mas honrados", eu apenas defendo, como já referi neste blogue várias vezes, um mercado de concorrência atómica ou tendencialmente atómica, pois só assim o mercado é saudável: só com a existência de muitas editoras pequeninas é que é possível:
a) concorrer no verdadeiro sentido da palavra, dado que nenhuma estará em posição previligiada em relação a nenhuma outra;
b) só assim é possível alguém entrar no mercado facilmente (imagine, por exemplo, o caso dos bancos: acha possível um estarola ir agora criar um banco e concorrer com o BCP ou o BPI?).
Mais uma vez desculpe se este bocadinho de Internet gasto foi assim tão lamentável, mas felizmente ainda é gratuito e serve exactamente para eu dizer o que me apetecer, mesmo que o que me apetecer seja de facto medíocre.
Cumprimentos,
TMR
Tiago,
Em 1.º lugar, as minhas desculpas pela parte final do meu comentário anterior: foi despropositadamente ofensiva, o que só posso "justificar" com o ter sido uma resposta "a quente".
Quanto ao cerne da questão, continuamos em polos opostos:
Eu sou defensor de um mercado livre: livre de publicar, livre de ganhar dinheiro, etc...
Estou muito longe de ser um admirador do Miguel Paes do Amaral e da Leya, mas, ainda assim, assiste-lhe o direito, de, a seu modo, e com evidentes fins lucrativos, tentar dinamizar um mercado editorial "estagnado" como é o nosso.
Nem todos podemos ser o Paulo Teixeira Pinto, que compra editoras, para seu bel prazer, e admitindo, ad initio, que não pretende ganhar dinheiro...
As grandes editoras também pagam melhor aos escritores que neles publicam, e vendem livros (nem sempre, é certo), com maior qualidade gráfica e de revisão.
O que me "irritou" no seu post, é o que está subentendido: é que um mercado só de pequenas editoras, sem "posições dominantes" teria de ter a intervenção de um "Big Brother" estadual, e eu entendo que o Estado já se intromete demasiado nas nossas vidas...
E, editoras, pequenas e grandes, haverá sempre lugar para ambas...
Abraço, de um leitor, e, uma vez mais, as minhas desculpas pela parte final do post anterior.
Mário a 16 de Dezembro de 2008 às 13:03
Caro Mário
Desculpas completamente aceites.
Parece-me que chegámos ao ponto da discórdia: a definição de mercado livre. Pareceu-me, e perdoe-me se estou a fazer más interpretações, que considera que o mercado livre não precisa do peso do estado vigilante, constantemente à escuta (um "Big Brother" que também não defendo). A questão é que na minha definição de estado livre está também patente um conjunto de regras que regulem esse mercado. E as regras não retiram liberdade. O Mário é menos livre por a sociedade onde vive ter regras? O facto de o Mário não poder roubar torna-o menos livre? Se calhar, mas essa liberdade que lhe retiram é, provavelmente, uma liberdade que não é legítima - dando-se a liberdade de não ser roubado ao hipotético visado. Pensar um mercado sem regulação é para mim tão absurdo como pensar uma sociedade sem lei. Porque o mercado pode ter (e acho que tem) um funcionamento perfeito, no entanto, e por serem as pessoas a controlá-lo, padece de defeitos inerentes a qualquer produto humano. O caso da concentração no mercado editorial ou na banca são apenas exemplos disso: ao aumentar as suas dimensões e ao ganhar o "poder" que ganham, estes grupo tiram invariavelmente liberdade a outros agentes para entrarem no mercado (corrompem o mercado como os liberais o querem: permeável). É por isto que acho que deve haver total liberdade no mercado, no entanto, essa liberdade tem de ser regrada e ética (dentro da "ética do mercado", claro está).
Mas claro está, são visões, tal como o Mário disse, diferentes e ambas são de respeitar e é até salutar que existam.
Espero que continue um leitor.
Abraço,
TMR